Fux anuncia golpe contra os resultados das eleições
Como a desculpa de "fake news" pode fazer seu voto não valer nada
Passou propositalmente despercebida uma fala do Ministro do STF, Luiz Fux, que será o Presidente do TSE durante parte do período de campanha eleitoral, sendo substituído por Rosa Weber (o que também é preocupante). Em uma declaração no Fórum Amarelas ao Vivo, da revista Veja, Fux afirmou que os resultados das eleições de 2018 poderiam ser cancelados, se ficasse constatado que as eleições teriam sido influenciadas pelas, assim chamadas, “fake news”.
Essa declaração se reveste de um risco tremendo à real democracia. A mensagem é simples: a vontade de uma maioria poderá ser desprezada se uma minoria achar que alguma mentira foi introduzida na mente da maioria. Mas isso não é o que já ocorre normalmente? Qualquer pessoa mais esclarecida sobre economia sabe que as ideias de Marx estava erradas, portanto a opinião de um marxista não deveria ser levada em consideração e seus votos anulados. Certo? Claro que não. Cada um tem o direito de pensar o que quiser, inclusive de ser enganado. Mas os esquerdistas também acham que a Direita está enganada ou que “não estudou história”. E por isso, eles teriam direito de anular os votos dos direitistas? Novamente, claro que não. Mas é justamente isso que se está pretendendo fazer. E com o respaldo de Fux.
Antes de mais nada, apesar de um Ministro do STF, órgão responsável por defender nossa Constituição, afirmar que a lei brasileira tem mecanismos para aplicar essa regra, isso não é uma verdade. Transformar notícias falsas em “propagandas abusivas” ou “abuso do poder” é um malabarismo mental e legal. Se formos eliminar todos os resultados políticos que podem ter sido influenciados pela difusão de boatos teríamos que anular a proclamação da República ou, num cenário mais recente, a eleição de Dilma, que só foi escolhida porque o PT espalhou que o programa Bolsa-Família seria extinto se ela não fosse eleita, sendo que nem Serra nem Aécio teriam peito para extinguir o programa.
Porém, o mais grave ocorre quando estamos falando num termo (fake news), que foi criado para invalidar a eleição de Donald Trump (e que ele espertamente transformou numa acusação contra a CNN), pois a Esquerda americana foi incapaz de acreditar que os americanos não pensassem como as elites de Nova York e California. Era preferível crer que os eleitores votaram em Trump enganados que admitir o fracasso.
Porém, aqui no Brasil, o termo “fake news” não teve a desconstrução que Trump fez e continuou a ser utilizado tanto pela Esquerda quanto pela imprensa profissional (que, muitas vezes, se confunde uma com a outra). E, sem muita surpresa, sites de Esquerda começaram, eles mesmos, a espalhar fake news acusando sites e páginas de Facebook de direita de serem propagadoras de notícias falsas.
Durante o regime petista no governo federal, inúmeros sites de esquerda, mantidos com dinheiro público, seja pela Lei Rouanet, seja por propagandas governamentais, se multiplicaram e se especializaram em espalhar notícias falsas contra quem se opusesse ao governo petista. Após o impeachment, muitos desses sites entraram em crise financeira, mas não deixaram de espalhar suas mentiras.
Uma delas foi a infame “pesquisa da USP” que teria constatado que o MBL seria um dos maiores divulgadores de “fake news” da internet. A tal pesquisa nunca existiu e sua criação foi, ela mesma, uma fake news. Porém, a divulgação fez a sua função e, para espanto de quem espera uma atuação legalmente embasada vinda de um Ministro do STF, Luiz Fux solicitou uma investigação de sites da tal lista falsa. Ou seja, é um Ministro acreditando numa fake news e ameaçando invalidar os votos de quem acreditar em fake news. Vai invalidar seus votos no STF então, Ministro?
Essa mentira acabou levando à suspensão da página Ceticismo Político, de Luciano Ayan, sob a alegação de divulgação de “fake news” quando ele se limitou a reproduzir a notícia de Mônica Bergamo, jornalista do UOL, sobre a declaração da desembargadora que afirmava que a vereadora Marielle teria sido morta por trair o crime organizado. A punição e a pecha de “fake news” foi para Ayan, mas não para Bergamo ou para a desembargadora (quem vai mexer com uma desembargadora?).
E a coisa agora chega o ponto mais grave de todos. Facebook anunciou que irá fazer uma parceria com agências de “fact checking” para detectar as tais fake news e tornar essas publicações menos visíveis (ou, eventualmente, até punir seus autores). Só tem um detalhe: as agências que supostamente deveriam checar a veracidade das notícias são todas comandadas por esquerdistas, alguns bastante explícitos. Ou seja, estão entregando o galinheiro para as raposas tomarem conta.
Se isso não for combatido por cada um de nós, corremos o risco de termos, por exemplo, a eleição de Bolsonaro (ou até de algum outro candidato também não agradável à Esquerda) ser invalidada sob a falsa acusação de “fake news” influenciando o resultado. Isso sem contar as eleições de governadores, deputados e senadores, pois Fux não falou somente na eleição para o cargo maior.
Ou seja, seu voto pode valer menos do que a vontade de um esquerdista que tenha montado uma agência de fact checking.