O Carnaval, os pobres e a inversão de prioridades

Primeiramente, já digo que não sou contra o carnaval e sim como ele é usado apenas como manipulação de massa e ferramenta de divulgação politica. Sim eu sou a favor que o povo tome as rédeas do carnaval assim como fez com os blocos de rua. Carnaval é um empreendimento que gera muita renda mas nunca para a comunidade que trabalha o ano todo por uma noite.

No carnaval carioca de 2016 foram divulgados os seguintes números: Aproximadamente 24 milhões de reais dos cofres públicos foram investidos para o Evento. No cenário nacional o custo das prefeituras Brasileiras somaram aproximadamente 180 milhões.
O Rio de Janeiro por exemplo estava sem verba para manter o funcionamento de serviços Básicos como hospitais, porém mantinha o projeto da Olimpíada a todo vapor e os aportes para o carnaval não paravam de sair.

Seria um grande clichê falar de pão e circo, e esse não é o ponto do artigo. O ponto é que o estado tem por obrigação prestar os serviços básicos em primeira instância como:

-EDUCAÇÃO.
-SAÚDE.
-SANEAMENTO BÁSICO.
-INFRAESTRUTURA (RUAS, ESTRADAS, PASSARELAS, CALÇADAS, ILUMINAÇÃO PÚBLICA)

Nenhum desses serviços, os quais são pagos com cinco meses do seu salário funcionam de forma satisfatória, porém, bilhões de reais e empenho sem precedentes são usados para tornar a festa do carnaval ou Copa do mundo e Olimpíada impecável.

Apesar de termos milhares de quilômetros de estradas de terra, esgoto a céu aberto e bairros que nunca viram a luz elétrica e seus habitantes pagam impostos tanto quanto qualquer um.

O Carnaval é uma festa que é sempre associada aos pobres e as comunidades. Onde eles tem uma noite do ano para entreter os ricos e a elite em seus camarotes que custam milhares de reais, enquanto uma senhora idosa, está suando dentro de uma fantasia de baiana, esboçando um sorriso feliz por poder dar o melhor por sua comunidade. No final da festa ela pode voltar para sua casa, sem asfalto, sem saneamento, com iluminação precária, e segurança pífia.

Você nunca vai escutar essas palavras que citei de luta de classes , vindas de um esquerdista. Esquerdistas amam a pobreza. Os discursos revolucionários deles, ecoam apenas enquanto houver interesse. Não existe interesse em reformar e extinguir favelas e comunidades carentes, fornecendo a eles os serviços que eles já pagam a tempos. Pobres são brinquedos para a masturbação de um intelectual de esquerda, como bem definiu Antonio Prata no artigo “Bar ruim é lindo, bicho!“:

(…)No bar ruim que ando frequentando ultimamente o proletariado atende por Betão – é o garçom, que cumprimento com um tapinha nas costas, acreditando resolver aí quinhentos anos de história. Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos ficar “amigos” do garçom, com quem falamos sobre futebol enquanto nossos amigos não chegam para falarmos de literatura.
Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos fazer parte dessa coisa linda que é o Brasil, por isso vamos a bares ruins, que têm mais a cara do Brasil que os bares bons, onde se serve petit gâteau e não tem frango à passarinho ou carne-de-sol com macaxeira, que são os pratos tradicionais da nossa cozinha. Se bem que nós, meio intelectuais, meio de esquerda, quando convidamos uma moça para sair pela primeira vez, atacamos mais de petit gâteau do que de frango à passarinho, porque a gente gosta do Brasil e tal, mas na hora do vamos ver uma europazinha bem que ajuda.(…)

A pobreza é um brinquedo para o intelectual e na politica uma ferramenta muito útil, afinal eles são formados em falar pelos outros. Ao invés de incentivar a luta para que os pobres possam ter acesso ao que já pagam diariamente pelos serviços do estado, eles incentivam cada vez mais estado com a promessa do “grátis” , enquanto reclamam dos “burgueses” em seus Iphones. Não é interessante dar ao pobre o direito de capitalizar seu carnaval, vai que  ele se torna um burguês?

As escolas de Samba e o  desperdício.

Todos os anos milhares de turistas chegam ao Brasil para conhecer as famosas favelas, imagina se eles chegarem aqui e não existir mais, depois de tanta propaganda de Chico Buarque e outros intelectuais de esquerda, fazem enquanto tomam seu café numa praça em Paris?
Ah! que saudade de minha terra, do povo descalço que passam tanta dificuldade, fome mas estão sempre sorrindo, dizendo enquanto sorve seu café de 10,00 € (R$43,60) que pagaria quatro marmitex de contra-file e uma coca-cola 2 litros, para um pobre brasileiro.
Não é interesse deles que a escola de samba vire um marca um caso de sucesso e o lucro seja revertido em benesses para todos, tudo está lá: O público, a marca forte, o produto, mas ele não é capitalizado. Lucro é pecado, coisa de burguês sem alma, vocês tem que ficar na coleira, afinal são nossos Pets, nossos brinquedos! É isso que querem dizer quando dizem que o carnaval não pode se tornar um evento Privado. Tenho más noticias para eles o carnaval apesar de ter o evento principal (desfiles de escolas) como símbolo, os blocos privados de rua conseguem movimentar um valor superior a o desfile tradicional.
O que mostra que o modelo está desgastado e apenas gera prejuízo para o estado e quase nenhum retorno para as escolas. É necessário uma reformulação e rápido porque aos poucos o povo está perdendo o interesse de ver os desfiles inclusive pela televisão. A rede globo, por exemplo,  já avisou que em 2017 não vai passar o desfile na integra. O evento se tornou cansativo, obsoleto e muito longo. Todas esses problemas devem ser resolvidos antes que a verba estatal faltar. Com uma crise no auge e uma arrecadação cada vez menor, está chegando o dia em que o Brasileiro vai te que escolher entre manter um serviço básico ou a festa. Espero que enxerguem a mina de ouro que eles tem nas mãos antes que ela seja soterrada sob o próprio peso.

Por um Carnaval livre e que traga prosperidade a todos!