Lacração ou grosseria?

Qual o sentido de convidar alguém para humilhá-lo?

Um dos princípios desenvolvidos pelas civilizações mais primitivas da Terra foi o respeito aos convidados. Um hóspede tinha direitos invioláveis, inclusive não poderia ser morto ou agredido, mesmo que se descobrisse que se tratava de um inimigo. Esse princípio aparece em inúmeras lendas, narrativas, contos, óperas, romances, etc.

Porém, esse princípio tão antigo tem sido abandonado nos últimos tempos pela turma da lacração, particularmente o programa Encontro com Fátima Bernardes. Os incidentes envolvendo o público e até convidados do meio artístico têm crescido.

Destaco aqui três episódios que são icônicos.

O primeiro é o famoso incidente com a Dona Regina, uma simpática senhorinha que estava na plateia do programa e ousou dar sua opinião de que a presença de uma criança de 5 anos numa performance com um homem nu, ainda mais sendo a menina forçada a tocar esse homem, era inadequado. Todos se lembram de como um ator e uma atriz, ambos jovens o suficiente para serem netos da Dona Regina, reagiram inclusive com um fáscies de nojo diante do comentário da senhora.

Por mais que a opinião dela fosse absurda, na visão deles, duas coisas deveriam ter sido levadas em conta: a idade da senhora e o fato dela ser uma convidada da plateia. Para quem não sabe, ninguém entra num estúdio de TV para fazer parte da plateia só porque estava passando na porta. Essas pessoas são selecionadas e, muitas delas, são parentes de funcionários ou indicadas de pessoas da produção. Aquela reação foi desrespeitosa em todos os sentidos.

Os outros dois casos serão acompanhados de descrições mais detalhadas ou vídeo, pois nem todos souberam do ocorrido.

O cantor Martinho da Vila, estava no programa para divulgar as festividades dos seus 80 anos e, durante uma discussão sobre assédio sexual, comentou:

Tem um lance: o cara que é solteiro, descompromissado, ele tá com problema pra quando ele conseguir chegar numa mulher… ‘Meu Deus, o que não é assédio? Qual é a maneira que vou chegar nela e que não é assédio?’ Isso também é uma questão

Ao que Fátima Bernardes, visivelmente irritada, respondeu:

Engraçado que essa é uma questão masculina, mas não é uma questão feminina. A gente sabe quando é a paquera e quando é o assédio. Muitos homens ainda pensam em qual seria essa diferença. Para as mulheres, é muito mais tranquilo. É quando ela não se sente invadida de alguma maneira. Quando aquilo é algo que a faça sentir enaltecida, não ameaçada

Todo mundo conhece Martinho da Vila. Nunca foi uma figura polêmica, nem mesmo se mostrou preconceituoso quando sua filha, Martinália, se declarou lésbica. Quando procuramos no dicionário o verbete “gente boa”, é a imagem do Martinho que aparece. Pelo menos isso deveria ter sido levado em consideração por parte da Fátima, mesmo que ele tivesse dito um absurdo, o que não foi o caso. Os 80 anos do cantor também deveriam ter sido levados em consideração.

O comentário dele faz todo o sentido. Tendo sido criado em outra época, ele expressou a preocupação de como um homem jovem sabe, hoje em dia, como abordar uma mulher sem que isso possa ser visto como assédio. A resposta de Fátima Bernardes foi de uma grosseria sem limites. Sem contar que o que ela quis dizer é o seguinte: “vocês homens não têm como saber se estão sendo ou não inadequados, porque nós mulheres vamos decidir isso conforme o nosso humor do dia; conforme a cara do homem ou sua conta bancária; portanto sempre que vocês forem abordar uma mulher, devem fazer isso sabendo que podem ser acusados de assédio.”

Se existissem regras claras, a resposta dela teria sido diferente: teria explicado exatamente o que diferencia o assédio de uma cantada. Qualquer homem que já se aproximou de alguma mulher, hoje em dia, sabe que a mesma cantada pode agradar ou não, conforme a mulher e que a mesma cantada pode agradar ou não a mesma mulher, conforme o homem que a diz.

Por último, tivemos o caso mais recente, do Wallace, um jovem da plateia que foi ser entrevistado por Fátima sobre sua visão crítica das feministas de hoje.

Kéfera já havia mostrado um total destempero psicológico quando da eleição de Bolsonaro, declarando ter rompido com sua família, que votou no Presidente, e fazendo vídeos chorando.

Nesse processo de querer ser a Rainha da Lacração, Kéfera fez exatamente aquilo que acusava Wallace de estar fazendo: interrompeu sua fala, explicou o que era aquilo que ele estava fazendo e ainda praticamente o mandou calar a boca, já que afirmou que aquele não era o “lugar de fala” dele.

Nada pode ser mais autoritário e discriminatório que proibir a manifestação de alguém por sua condição de cor, sexo, preferência sexual, etc. Essa coisa de “lugar de fala” dá carta branca para que a categoria “protegida” interrompa, explique e mande calar a boca quem quer que tente argumentar. Apesar do feminismo dizer que prega a igualdade de homens e mulheres, na verdade, ao impedir um homem de falar, ele prova que não busca a igualdade entre ambos, mas a superioridade da mulher sobre o homem.

Esses conflitos repetidos durante esse programa terão um dentre dois resultados: ou levarão o programa a uma decadência porque o público irá se cansar e alguns convidados não voltarão mais; ou o constrangimento repetido irá fazer com todos – público e artistas – só comentem o que sabem que a anfitriã gosta e o programa se transformará ainda mais num panfleto do politicamente correto.

A prova de que essas tretas não são tão boas para a imagem do programa é a seguinte: para fazer esse artigo, fui procurar vídeos dos dois últimos episódios, para mostrar não só as falas, mas o MODO como se falou. Pois bem, vocês encontram CENTENAS de reportagens falando do conflito, a imensa maioria descrevendo as respostas de Fátima e Kéfera como sendo “classudas” ou “didáticas” e fazendo críticas a Martinho e Wallace, chamando-os de machistas. Se realmente essas cenas fossem TÃO didáticas e classudas assim, estariam sendo disponibilizadas nas reportagens. Mas as cenas simplesmente somem. Se não fosse a página Caneta Desesquerdizadora, que postou a resposta da Kéfera, nem esse vídeo existiria.

Ou seja, eles cometem o crime a apagam as provas…

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