Como entender os termos da nova direita?

Você se considera uma pessoa inteligente, com um nível de cultura acima da média brasileira (embora isso não signifique muita coisa), mas “empaca” sempre que vai ler algum autor de textos de direita na internet pela profusão de termos e nomes que você nunca ouviu falar?

Nada tema! A culpa não é sua. A mídia brasileira está repleta de termos que interessam à Esquerda, como “protagonismo”, “patriarcado”, “emponderamento”, “lúdico”, etc. Na maioria das vezes, esses termos são utilizados em discursos vazios. Agora, termos que realmente ensinem algo às pessoas, como esses utilizados pela Direita, não são trazidos pela mídia.

Então, pretendemos listar alguns termos e, com isso, facilitar a vida dos leitores. Se você achar esse texto um pouco óbvio, parabéns! Você está acima da média da Direita brasileira, o que também não significa muito…

Também incluímos alguns nomes mais citados. Graças aos professores brasileiros, qualquer criança de 10 anos sabe quem foi Marx ou Che Guevara, mas 90% dos estudantes de Economia não sabem quem foi Mises ou Hayek. Obviamente que não será possível resumir as ideias de cada autor, mas pelos menos as pessoas saberão do que se trata. Vamos lá!!

Shaming – Trata-se de uma estratégia em que o interlocutor se aproveita de alguma declaração equivocada ou atitude errada do opositor, para expô-lo como algo do qual se envergonhar. Um dos exemplos clássicos é quando alguém lembra da frase “estupra, mas não mata” de Maluf. Na época, Maluf defendia a pena de morte para estupradores que matassem suas vítimas. No entanto, seus opositores difundiram somente essa frase, fazendo parecer que ele defendia o estupro. Um exemplo contrário, quando o shaming não foi utilizado e isso rendeu uma derrota política foi quando Dilma mentiu durante um debate e ao invés de Aécio dizer “Não minta, candidata!” ou “A senhora deveria se envergonhar de mentir”, usou um termo arcaico, pouco utilizado, “Não seja leviana!” e o PT aproveitou a ignorância do povo em relação ao português e saiu espalhando que ele havia chamado Dilma de puta…

Ad hominem – Estratégia que muitos utilizam durante discussões. Diante de um argumento que não se sabe refutar, apela-se para atacar a pessoa que apresenta o argumento. É extremamente utilizada pela Esquerda, embora alguns direitistas também a utilizam. Para quem sabe detectar isso, é a prova que seu interlocutor não tem como refutar seus argumentos.

Frame e framing – Frame diz respeito à “roupagem emocional” que damos a um fato da vida. Duas pessoas podem ver a mesma realidade de formas radicalmente diferentes dependendo do frame que aplicarem àquela realidade. Em outras palavras, os eventos do mundo não são mudados, mas a “moldura” (frame) que utilizamos para visualizar estes eventos pode mudar toda nossa experiência, bem como os nossos resultados perante essa experiência.
Um exemplo prático: Na copa de 58, a seleção brasileira teve um desempenho maravilhoso, sempre usando sua camisa amarela. No jogo final contra a Suécia, o sorteio determinou que a seleção deveria jogar com o uniforme B, camisa azul e short branco. O time, na época formados por jogadores simples e com pouca cultura, entrou em depressão vítima da superstição. Sabendo disso, Paulo Machado de Carvalho entra no vestiário sorrindo e diz aos jogadores, todos católicos: “Azul é a cor do manto de Nossa Senhora Aparecida. A padroeira do Brasil está conosco.” O resto é história. O Brasil ganhou da Suécia…
Já framing ou controle de frame se refere ao ato de se dar um significado que se deseja a uma coisa que não necessariamente tem esse significado. Ocorre, por exemplo, quando um esquerdista chama um direitista de “fascista”. Na verdade, o regime fascista se aproximava muito mais do que a Esquerda defende do que a Direita, mas isso não interessa a eles, desde que deem um novo significado ao termo “fascista” de modo a vincularem a Direita a algo que todos desprezam. Outro exemplo: todos nós sabemos o que é terrorismo, não é? Praticar atentados, vitimando civis, com intuito de espalhar o terror, etc. Pois, recentemente, estão resignificando o termo justamente para excluir os terroristas que atuaram no regime militar. Agora dizem que terrorista é só aquele que pratica atos contra regimes democraticamente eleitos, portanto não era terrorismo explodir uma bomba na época dos militares. Assim, o mesmo ato, um atentado, pode ser visto como terrorista ou não de acordo com o frame que se aceita. Devemos detectar quando um opositor apela para o controle de frame para vencer um debate.
Como disse Luciano Ayan: “Em debates com humanistas ou esquerdistas, você pode perder ou vencer. Se não adentrar ao mundo do controle de frame, a derrota já estará garantida, mesmo que você fale a verdade, pois mesmo mentindo, o humanista/esquerdista tentará controlar o frame a todo o momento.”

Janela de Overton – Conceito de manipulação da opinião pública segundo conceitos elaborados por Joseph P. Overton, ex-vice-presidente de um think tank chamado Mackinac Center for Public Policy. A Janela de Overton registra como pensa a maioria da sociedade num dado momento sobre um determinado assunto. Fora dessa janela estão posições minoritárias, primeiro as levemente diferentes e, quanto mais afastada da janela, mais diferentes da maioria. As posições, claro, variam do absolutamente contra ao absolutamente a favor. É possível deslocar a janela para um lado ou para outro? É! Isso demanda trabalho de pessoas especializadas em manipulação da opinião pública. O que isso significa? Para tentar deslocar a janela de opinião do “contra” para o “menos contra”, até chegar à “neutralidade” e, quem sabe?, um dia, ao “a favor”, é preciso trabalhar algum outro valor relacionado ao tema.
Vamos dar um exemplo prático. Há 30 anos seria impensável se falar em liberação das drogas no Brasil. No centro da Janela de Overton, tínhamos a posição de que os usuários de drogas eram criminosos e deveriam ser presos se fossem pegos com um cigarro de maconha. E era o que ocorria. Foi então, que um grande trabalho de manipulação da opinião pública difundiu a ideia de que o usuário de drogas era um doente, e assim deveria ser tratado. A Janela se deslocou e quem defendia a prisão dos usuários já pertencia a uma minoria. Quem merecia ser preso era o traficante. Inúmeras publicações da grande mídia trouxeram pessoas famosas afirmando que fumavam maconha. O conceito de doente parecia não mais se aplicar e a Janela se deslocou mais um pouco e hoje a imensa maioria da população acredita que maconha não faz mal à saúde. Nesse momento, já está entrando na Janela o conceito de que “pequenos traficantes” já não deveriam ser presos. Com isso, aproxima-se cada vez mais da janela o conceito de que NENHUM traficante deva ser preso, já havendo quem defenda isso, embora em minoria.
Mas calma!! A Janela de Overton não serve só para explicar como a sociedade se torna mais permissiva. Vamos ver outro exemplo.
Há cerca de 20 anos estávamos em pleno governo FHC, social-democrata ou socialista fatiado, indo muito bem e o PT parecia ser um partido preocupado com causas sociais. Um homem, chamado Olavo de Carvalho, apareceu na mídia dizendo que o Brasil precisava de ter uma Direita política. Isso estava totalmente fora da Janela de Overton na época. Em uma entrevista, Pedro Bial chegou a fazer cara de nojo ao perguntar “Mas você é de direita??” a Olavo. Dizer a alguém que se era de direita era pedir para ser relacionado a neonazistas, racistas, etc. Durante anos, Olavo pregou sozinho contra a Esquerda. O tempo passou e surgiu Reinaldo Azevedo, Rodrigo Constantino, Felipe Moura Brasil, Luiz Felipe Pondé e muitos outros. As pessoas foram lendo cada vez mais autores, seja na imprensa, seja na crescente indústria de livros de direita. Hoje, dizer “sou de direita” só leva, na maioria dos casos a se ouvir “Ah, é?” ou “Eu também”. A Direita entrou na Janela de Overton…

Espantalho – é um argumento em que a pessoa ignora a posição do adversário no debate e a substitui por uma versão distorcida, que representa de forma errada esta posição. A falácia existe quando a distorção é proposital, de forma a tornar o argumento mais facilmente refutável, ou quando é acidental, quando quem usa a falácia não entendeu o argumento que quer refutar.
Por exemplo, alguém comenta que a migração de refugiados Islâmicos deve ser melhor controlada para evitar a entrada de terroristas e se acusa essa pessoa de ser contra TODOS migrante e passa a citar migrantes orientais, italianos, espanhóis que foram importantes para o país, como se a pessoa também pudesse ser contra a migração dessas etnias.

Estratégia das Tesouras – Termo criado por Lenin, designando uma estratégia política onde, num determinado país, o cenário político seria dominado por dois partidos falsamente antagônicos. Ambos com a mesma matriz ideológica socialista, mas um mais radical e outro mais moderado, porém ambos com o mesmo objetivo final. Acusa-se PT e PSDB de praticarem essa estratégia, embora possamos ter muito mais certeza dessa estratégia em relação a partidos como a Rede e o PSB. Já o PSDB me parece ser um partido por demais heterogêneo para se pensar assim. Alguns membros claramente participam dessa estratégia, como o próprio ex-presidente FHC. Já outros não parecem ser tão coniventes assim.

Mises – economista da escola austríaca. Ludwig von Mises nasceu em Lemberg (atualmente Lviv), na Galícia, hoje parte da Ucrânia, mas então região do Império Austro-Húngaro. Inicialmente era contrário à escola austríaca, mas tornou-se seu principal representante. Podemos considerar a Escola Austríaca a mais “ortodoxa” da economia, não crendo em quase nada do que é trabalhado por outras escolas, como expansão artificial de crédito, incentivos estatais, manipulação monetária e afins.
Em seu estudo Socialism, Mises desconstrói os mitos difundidos por Marx e Engels, onde, além de críticas ao socialismo como sistema político, o economista austríaco aplica suas teorias de preço, ação e conhecimento a tal sistema.
Em seis palestras feitas na Argentina – “O capitalismo”, “O socialismo”, “O intervencionismo”, “A inflação”, “Investimento externo” e “Política e idéias” – Mises conseguiu produzir o melhor guia para leigos sobre estes assuntos.

Hayek – economista e filósofo austríaco, posteriormente naturalizado britânico. Defensor do liberalismo clássico, é provavelmente melhor conhecido por sua associação à Escola Austríaca de pensamento econômico e por sua atuação como professor da Londres School of Economics. Deixou importantes contribuições para a psicologia, a teoria do direito, a economia e a política.

Escola de Frankfurt – escola de teoria social interdisciplinar neomarxista, particularmente associada com o Instituto para Pesquisa Social da Universidade de Frankfurt. Ela reuniu em torno de si um círculo de filósofos e cientistas sociais de mentalidade marxista, que se uniram no fim da década de 20. Críticos tanto do capitalismo e do socialismo da Universidade Soviética, as suas escritas apontaram para a possibilidade de um caminho alternativo para o desenvolvimento social.
As características dessa escola eram basicamente:
* Desprezo pelo revolucionarismo material ou físico alheio as ações contínuas e culturais;
* Reinterpretação do marxismo e do mundo através da ideologia marxista;
* Critica ferrenha a alienação e imperialismo oriundos da cultura ocidental que inibia as classes menos favorecidas;
* Desenvolvimento do senso crítico e medidas para promover a quebra dos valores sociais já instaurados.

Foro de São Paulo – Entidade criada em 1990 por Luis Inácio Lula da Silva e o ditador cubano Fidel Castro. Reúne partidos de esquerda de toda a América Latina. Desde sua criação, vários países latinoamericanos passaram a ser governados por partidos ligados ao Foro. Como característica da atuação desses partidos está o interesse pela manutenção dos governos aliados em detrimento dos interesses do próprio país, como ocorreu com perdão de dívidas e entrega de refinarias pelo governo brasileiro à Bolívia. No Brasil, assinaram a ata de criação do Foro, os seguintes partidos brasileiros:
Partido dos Trabalhadores (PT)
Partido Comunista do Brasil (PCdoB)
Partido Democrático Trabalhista (PDT)
Partido Comunista Brasileiro (PCB)
Partido Socialista Brasileiro (PSB)
Partido Popular Socialista (PPS), que abandonou o Foro em 2004
Partido Pátria Livre (PPL)

Em editorial de 13 de agosto de 2013, o jornal O Estado de São Paulo, descrevendo a reunião como um foro anacrônico, aponta o fato de que os países que participam do foro exibem o pior desempenho econômico do continente – em contraste com o dos integrantes da Aliança do Pacífico – México, Colômbia, Peru, Chile e, mais recentemente, Costa Rica – que colhem os resultados positivos de suas bem-sucedidas políticas de integração na economia global. O editorial aponta ainda o fato de que todos os países que participam do Foro “padecem de um burocratismo do aparelho estatal semelhante ao que levou à falência a União Soviética e seus satélites”, e que todos, apesar dos princípios pelos quais alegaram lutar, jamais lograram conquistar uma verdadeira democracia social e de massas.
Alguns partidos fundados após a criação do Foro, no entanto foram fundados por antigos integrantes de partidos fundadores e têm constantemente apoiado os governos estrangeiros onde o Foro está no poder. Partidos como PSOL, PCO e Rede podem ser apoiadores do Foro também.

Unasul – União de Nações Sul-Americanas, uma organização intergovernamental composta pelos doze países da América do Sul, criada em 2008. Propõe reproduzir na América do Sul a União Européia. Parte da estratégia bolivariana de enfraquecer poderes locais, uniformizando as condutas em torno das propostas socialistas, inclusive seu secretário-geral chegou a ameaçar expulsar o Brasil da organização, caso Dilma sofra impeachment, ou seja, a entidade se considera acima das leis e instituições brasileiras.

Bolivarianismo – é um conjunto de doutrinas políticas que vigora em partes da América do Sul, especialmente na Venezuela. O termo bolivarianismo provém do general venezuelano do século XIX Simón Bolívar, libertador que liderou a luta pela independência em grande parte da América do Sul, e especificamente nos países historicamente bolivarianos (Bolívia, Colômbia, Peru, Equador, Panamá e Venezuela). Porém, táticas e ideias bolivarianas foram ou estão sendo aplicadas em países que não pertencem historicamente ao grupo, como Argentina, Paraguai, Uruguai e Brasil.
Diversos autores consideram o bolivarianismo como parte de um culto à personalidade motivado por fins políticos que pouco teriam a ver com as ideias de Bolívar. Nesse sentido, o bolivarianismo se assemelha muito ao fascismo italiano, que também se utilizou da figura de Bolívar como pretexto para seu desenvolvimento.

Ancap – Anarcocapitalista. É uma versão radical do liberalismo clássico e anarquismo individualista. Tem como postulado que as formas de governo, principalmente as concepções estatais, são prejudiciais e desnecessárias, especialmente instituições estatais relacionadas a funções jurídicas e de segurança. Defende a eliminação do estado em favor da soberania individual em um livre mercado.

Rad-trad – significa Radical Tradicionalista. Ala mais radical do conservadorismo. Em sua maioria formada por cristãos abaixo dos 30 anos, particularmente católicos tradicionalistas, muitos dos quais não aceitam mudanças ocorridas na Igreja Católica após o Concílio Vaticano II. Defesa de valores cristãos tradicionais e resistência ao ecumenismo são frequentes entre seus partidários.

Liberal – adepto do liberalismo, filosofia política ou uma visão de mundo fundada sobre ideais que pretendem ser os da liberdade individual e da igualdade. Os liberais defendem uma ampla gama de pontos de vista, dependendo de sua compreensão desses princípios mas, em geral, apoiam ideias como eleições democráticas, direitos civis, liberdade de imprensa, liberdade de religião, livre comércio e propriedade privada. O liberalismo manifesta-se em tempos e espaços bastante diversos, o que dificulta a possibilidade de situá-lo num plano sincrônico e pontuar “o momento liberal capaz de unificar histórias diferentes “.

Libertário – adepto do libertarianismo, a filosofia política que tem a liberdade como seu principal objetivo. Libertários buscam maximizar a autonomia e liberdade de escolha, enfatizando as liberdades políticas, associações voluntárias e a primazia do julgamento individual. Entre os libertários existem aqueles que defendem o Estado mínimo (miniarquistas) e outros a abolição total do Estado (anarquistas). Também existe o libertarianismo de esquerda e de direita. Libertários da direita defendem vigorosamente a propriedade privada, o modo de produção capitalista e as políticas de livre mercado. Entre as correntes mais proeminentes desta vertente libertária, encontram-se o Anarcocapitalista e o liberalismo miniarquista laissez-faire.

Socialismo Fabiano – ou fabianismo, é um movimento político-social britânico nascido no fim do século XIX, encabeçado pela Sociedade Fabiana. Esta associação foi fundada em Londres no dia 4 de janeiro de 1884, e propunha, como finalidade institucional, a elevação da classe operária para torná-la apta a assumir o controle dos meios de produção. Não consistia em um movimento revolucionário, mas tinha como escopo a progressão, em um sentido socialista das instituições já existentes. O socialismo fabiano acredita na gradual evolução da sociedade, através de reformas incipientes e de forma “evolucionista”, que portem gradualmente ao socialismo, diferenciando-se do marxismo que prega uma passagem revolucionária ao socialismo. No Brasil, o maior exemplo de organização política fabiana é o PSDB.

Comunitarismo – O comunitarismo é um conceito político, moral e social que surge no final do século XX, por volta da década de 1980, em oposição a determinados aspectos do individualismo e em defesa dos fenômenos como a sociedade civil. Os comunitaristas acreditam que o individualismo do liberalismo prejudica as análises sobre as questões de nosso tempo, como, o aborto, o multiculturalismo, a liberdade de expressão, etc. O comunitarismo propõe que o indivíduo seja considerado membro inserido numa comunidade política de iguais. A ideologia comunitarista centra seu interesse não mais no individuo (como os liberais), mas na sociedade, nas comunidades e em suas tradições.

Esse texto não se propõe a ser perfeito ou extremamente profundo. Sei que muitos eruditos irão fazer mil reparos ao seu conteúdo, mas o texto não é voltado para grandes experts no assunto e sim para aqueles que estão tendo dificuldades para compreender certas citações. Cabe a eles, agora, aprofundar seus estudos.