Vivemos em uma época de culto às celebridades. Ao contrário de épocas passadas onde a fama provinha de algum feito memorável que a pessoa tivesse praticado, hoje o que temos são celebridades instantâneas cuja origem é incerta. Um exemplo clássico são as Kardashians, uma família famosa pelo simples fato de ser famosa.
Passou a ser um objetivo de vida para muitos, principalmente os jovens, se tornar famoso por qualquer motivo. Os reality shows se tornaram uma fonte inesgotável de celebridades com esse objetivo.
Paralelamente a isso o ativismo, seja a favor de qualquer causa, se tornou muito mais generalizado do que era há 50 anos. Hoje é difícil vermos alguém, principalmente jovens, que não seja ativistas de algum movimento. Isso dá às pessoas uma sensação de propósito na vida.
Não posso deixar de achar que isso é um mecanismo por trás de um aumento significativo de casos divulgados na internet de mães que registram seus métodos educacionais em vídeo ou fotos e divulgam na rede, muitas vezes expondo seus filhos ao ridículo.
Um dos primeiros casos que me causou incômodo foi o de uma mãe que, ao saber que o seu filho adolescente havia divulgado fotos íntimas que menina enviara para ele, registrou em vídeo uma surra que ela deu no rapaz. Aparentemente essa mãe se incomodou muito mais com a falta de ética do filho do que com a falta de pudor da menina. Não digo que o rapaz não tenha merecido uma boa bronca ou até mesmo uma surra, se essa é a forma habitual de punição dessa mãe. O registro em vídeo e a sua divulgação na internet é que me parece muito mais fruto de um sadismo contra o próprio filho do que de uma sede de justiça.
Mais recentemente dois casos ocorreram muito próximos, sugerindo que esse tipo de comportamento talvez esteja se tornando mais frequente. Com que alarde da mídia progressista, uma divulgando fotos do seu filho de treze anos sendo obrigado a lavar louça, após ter afirmado que isso era trabalho de mulher. Não deixa de ser curioso nos questionarmos como esse menino chegou aos treze anos com essa opinião. Obviamente, essa criança não está habituada, desde cedo, a colaborar no serviço da casa. Desde os seis anos de idade a criança pode ajudar em diversas tarefas mais simples. Causou um certo incômodo a mim o fato da mãe não ter simplesmente tomado essa atitude, mas registrado e divulgado, inclusive mostrando seu rosto, como se buscasse mais a fama e não a simples educação do menino.
Paralelamente a esse caso, temos um outro vídeo de uma mãe que raspou a cabeça da sua filha à força porque a menina havia rido de uma criança careca devido ao tratamento de câncer. Não sou absolutamente contra punições físicas aos filhos como forma de correção de comportamentos muito inadequados. Porém, me questiono qual o efeito educativo desse tipo de atitude, mesmo sem o registro e divulgação em vídeo. Novamente, fico surpreso de pensar que uma mãe odeie tanto sua filha que tenha planejado registrar tudo em vídeo e divulgar para execração pública da jovem.
Sou absolutamente contra que o Estado interfira na educação que os pais optam para seus filhos. A Lei da palmada, a meu ver, é uma interferência inaceitável na vida familiar. Porém, os casos de exposição pública de jovens deveria ser melhor investigados. Agredir um filho enquanto registra a agressão e, posteriormente, divulga na internet, deveria configurar crime de tortura. Até mesmo medidas disciplinares como lavar louça, ficar de castigo, não deveriam ser registradas e divulgadas, uma vez que em nada contribuem processo educacional.
A mim me parece que essas mães estão muito mais interessadas em buscar fama como defensoras da agenda politicamente correta do que realmente corrigir o comportamento dos filhos. Aliás, que tipo de comportamento deveremos esperar desses filhos, no futuro, sendo expostas dessa maneira?
Cabe ao Ministério Público observar cada caso e, deixando de lado o apoio que alguns setores progressistas da mídia fazem a esses casos, reprimir os excessos.