O personagem Robin Hood, apesar de controverso, era um tipo de herói das histórias antigas. A ideia do personagem era sua nobreza moral, pois ele roubava dos ricos malfeitores, em geral membros da aristocracia, para dividir com as pessoas mais pobres.
O mítico herói inglês sempre foi motivo de discussão. Seria ele o mocinho, por dividir a riqueza com os pobres, ou seria o bandido, por ser um ladrão? A verdade é que as duas coisas são, de certa forma, verdadeiras. O personagem é de fato um bandido, mas um bandido bem intencionado.
O humorista Gregório Duvivier, que não é exatamente o melhor representante de sua classe, faz exatamente o inverso de Robin Hood. Ele, literalmente, rouba dos pobres para dar aos ricos, que no geral são seus amigos e ele próprio. Sim, eu sei que Gregório não é o único nessa situação, mas certamente é daqueles que estão em evidência.
Digo tudo isso porque seu mais recente filme, “Desculpe o Transtorno”, foi outro estupendo fracasso de bilheteria. A produção dirigida por Gregório está em último lugar entre todas as estreias, incluindo filmes brasileiros, mesmo com a divulgação feita por ele na Folha de São Paulo. Isso, entretanto, seria um caso irrelevante, não fosse pelo fato de que o filme foi pago justamente por pessoas pobres. No caso, nós, os malditos pagadores de impostos.
Sim, meu caro. Você, eu, nossos amigos mais próximos e mais distantes. Todos nós pagamos pelo fracasso de Gregório Duvivier, um homem rico, nascido em berço de ouro, filho de pais influentes no meio artístico, mas completamente incapaz de arriscar sua própria fortuna em filmes ruins. O fracasso de Gregório, ainda na pior das hipóteses, é para nós um conforto paliativo, pois já pagamos pelo filme de qualquer jeito mesmo que não tenhamos ido ao cinema para assisti-lo.
Sabe o que é pior? Esta não foi a primeira vez. Há pouco tempo, outro filme do qual Gregório também participou foi um fracasso de bilheteria. O filme “Contrato Vitalício”, produzido pelo grupo Porta dos Fundos, é outro caso similar. Após receberem alguns milhões da Lei Audiovisual, irmã gêmea da Rouanet, os “artistas” fizeram um filme fracassado que não pagou o que foi gasto para produzi-lo.
Vivemos em um país com uma altíssima carga tributária, o que por si só já é ruim. Agora vamos somar isto ao fato de que todos – absolutamente todos – os serviços públicos são de péssima qualidade, além de termos uma casta de políticos caríssimos de se manter. Aí, como se não fosse o suficiente, artistas que dizem lutar pelos pobres se acham no direito de pegar um pouco mais do nosso dinheiro para produzir suas peças falidas, suas músicas ruins e seus filmes que ninguém quer ver. É como se estivéssemos sustentando a diversão de todo mundo, menos a nossa, porque nós nunca nos divertimos.
Gente como Gregório é sanguessuga, e ele não está só. Ao contrário, existem muitos como ele por aí. O pior é que quando criticados ainda se sentem no direito de reclamar, como se tivessem razão. É um tipo de gente mesquinha e desprezível.