A verdadeira elite golpista
PT, PSOL, PCdoB, UNE, MST, MTST, CUT e toda a blogosfera de esquerda acusaram milhões de brasileiros – sim, muitos milhões – de serem uma elite golpista. Para a narrativa pró-Dilma, todas as pessoas que querem seu impeachment são golpistas, gente da elite que odeia pobre, pessoas racistas e misóginas.
Para sustentar esta tese criminosa, movimentos de esquerda forjaram a pauta. Mídia Ninja, grupo que pertence ao Pablo Capilé, do Coletivo Fora do Eixo, cansou de fazer reportagens nas ruas, nos dias em que houve manifestações pró-impeachment, para ridicularizar, escarnecer e mostrar pessoas que são em sua maioria ignorantes (no bom sentido) como se elas fossem criminosas e más. Vídeos editados para deliberadamente tirar sarro do povo pipocaram por aí, todos vindos justamente dessas pessoas que tão repetitivamente dizem lutar pelos pobres, pelo povo, pelos negros. Importante ressaltar, aliás, que o Coletivo Fora do Eixo foi acusado dezenas de vezes por ex-integrantes justamente por crimes como abuso e exploração sexual, além de condições de trabalho análogo à escravidão.
É verdade que a esquerda sempre soube que isso é falso. Aquele seu amigo da faculdade que repete o mantra do “golpe” e que acusa as manifestações de serem elitistas sabe, perfeitamente, que lá no meio da rua as pessoas eram em sua maioria honestas, simples, trabalhadoras, e que a insatisfação com o governo petista é legítima. Ele sabe, sim, pode ter certeza disso! O fato de repetir o mantra não significa que acredite nele.
No entanto, de uns tempos para cá, os apoiadores de Dilma começaram a ficar menos cuidadosos, e creio que o auge da vergonha é ver um monte de artistas riquinhos trabalhando em prol do establishment, lutando para manter um governo corrupto e com ambições totalitárias. Letícia Sabatella e Vagner Moura, por exemplo, vêm há tempos lutando em prol do PT, sendo que a atriz chegou ao cúmulo de ir até Roma falar com o Papa (sim, o Papa, aquele da Igreja Católica que a esquerda também não gosta) para pedir-lhe apoio. O pontífice naturalmente deu de ombros, limitando-se a fazer breves comentários e mantendo neutralidade, mas não se enganem. O ardil por trás desse teatrinho todo não era realmente conseguir o apoio do Papa, tratava-se simplesmente de tentar arrancar dele alguma declaração que pudesse servir politicamente. A ideia era apenas conseguir mídia em cima disso, o que quase funcionou.
Outra coisa no mínimo irônica é ver a esquerda chamar de elite um população que é, em sua maioria, das classes C ou D, enquanto considera como seus legítimos representantes os artistas que estiveram no Festival de Cannes recentemente atuando em defesa do PT. Note que os artistas que “não são da elite” estão muito bem vestidos, estão em Cannes e receberam antes disso uma verdadeira fortuna do BNDES e da Secretaria de Cultura do Estado de Pernambuco, tudo para financiar o filme Aquarius. O que podemos presumir é que pessoas com dinheiro para comprar smokings e vestidos de gala são do povo, enquanto as pessoas com camisas da Seleção Brasileira nas manifestações de rua em suas respectivas cidades são a elite golpista. Esta é a visão torta que a esquerda tenta apresentar, mas na qual ela própria não crê.
A verdade é que esquerdistas usam um óculos especial para enxergar a realidade, e eles tentam nos enfiar esta visão a força. Para determinar quem é povo e quem é elite, não há critérios muito objetivos, há apenas um parâmetro político: quem está a meu favor e quem está contra mim. Naturalmente, para os petistas e seus aliados, povo é quem defende o governo Dilma, e elite é quem pede impeachment. Não importa se você é um transexual pobre e negro que mora na favela, pois se você pedir impeachment para Dilma Rousseff automaticamente você se torna membro de uma elite golpista. Ponto final. É isso.