Uma vez que a Imprensa viu a fraude do Mais Médicos exposta de forma incontestável e, sendo cúmplice desse crime de lesa-pátria, não tinha como continuar com o discurso mentiroso de que os médicos cubanos foram trazidos para trabalhar em locais distantes, onde médicos brasileiros não queriam trabalhar, a única alternativa foi passar a louvar as qualidades e o trabalho dos médicos cubanos.
Mais uma vez, ignorando de forma criminosa as denúncias de prescrições absurdas (algumas impossíveis de terem sido prescritas por médicos de verdade), feitas por páginas das redes sociais, como a Mais Médicos Fail, o discurso hegemônico (o que prova que tem uma orientação central) agora é dizer que os médicos tratavam muito bem os pacientes, eram atenciosos e que a população sentirá falta deles.
Para quem não está habituado, como eu, a lidar com pacientes, saiba como isso funciona. Se você chega para uma pessoa simples e diz que um dos 3 médicos de uma unidade básica irá sair, essa pessoa irá lamentar mesmo que nunca tenha passado com esse médico; que ele nunca tenha acertado seu tratamento ou que tenha atendido pessimamente. A saída de um médico significa maior dificuldade para consultas, inclusive com outros médicos.
Alguns meios de comunicação chegaram a um nível de desfaçatez que chegaram a dizer que os médicos cubanos teriam salvado milhões de vidas. Para começar, não é tão fácil salvar vidas assim. Ainda mais em atenção básica como era o caso deles. Um médico pode atender milhões de consultas, mas só terá participação em evitar a morte de alguém em meia dúzia de casos. É totalmente diferente de atendimento de urgências, SAMU e cirurgias, áreas onde Dilma teve a decência de não colocar os cubanos.
Mas, damos o benefício da dúvida ao Fantástico, Folha de S. Paulo, UOL, O Globo e todos os sites de extrema-esquerda que estão divulgando essa narrativa. Será que eles estão falando a verdade? Vamos ver como evoluiu a mortalidade desde a implantação do Mais Médicos?
Começamos pegando os dados de 2013. Um ano antes de Dilma anunciar o Mais Médicos na sua campanha eleitoral de 2014. Em 2013 tínhamos uma taxa de mortalidade de 6,04 mortes por mil habitantes. Agora, vamos pular para 2015, dois anos após a implantação do Mais Médicos. Nesse ano, a taxa passou para 6,08 mortes por mil habitantes, levemente superior. Ou seja, a distribuição de mais 9 mil médicos pelo país todo, inclusive em aldeias indígenas nos tais “rincões” onde não havia médico brasileiro antes, não teve NENHUM efeito em reduzir a mortalidade, muito pelo contrário, levou a um discreto aumento. Já em 2016, essa taxa passou para 6,06 um pouquinho inferior a 2015, mas ainda superior a 2013. Em 2017, essa taxa aumento um pouco para 6,07. (Dados do IBGE). Na tabela acima temos dados do Index Mundi, que são levemente diferentes, mas apontam a mesma tendência de leve alta.
Aliás, em 2018 a Imprensa (a mesma que agora fala em salvadores de vidas) publicou que dados do Ministério da Saúde indicavam que em 2016 a taxa de mortalidade na infância (crianças entre 0 e 5 anos) registrou piora, indo de 14,3 para 14,9 por 1.000 nascidos vivos, uma alta de 4,19%, a primeira em décadas de queda. Não serei irresponsável de atribuir isso aos médicos cubanos, mas não deixa de ser curioso que, após o Governo aumentar a rede de atendimentos médicos em 9 mil profissionais (se não levarmos em consideração as denúncias de que várias prefeituras dispensaram os médicos brasileiros para receber os cubanos) a mortalidade infantil não teve nem uma queda, mas um aumento.
Antes que alguém diga que reduzir a mortalidade é difícil e que só medidas extremamente complexas e caras poderiam ter esse efeito, vou lembrar de Zilda Arns. A médica pediatra, irmão do Arcebispo de São Paulo, criou junto à Pastoral da Criança, um programa extremamente simples que consistia de 3 instrumentos:
– Visita domiciliar às família
– Dia do Peso, também chamado de Dia da Celebração da Vida
– Reunião Mensal para Avaliação e Reflexão
A taxa de mortalidade nas comunidades assistidas pelo programa caiu de 47,1 óbitos por mil nascidos vivos em 1990 para 19,3 mortes, em 2007, 59,7% a menos.
Ou seja, simples medidas como pesar uma criança e orientar as mães tiveram um impacto imenso sobre a mortalidade infantil, imaginem o impacto que teria a adição de mais 9 mil médicos consultando, diagnosticando e tratando a população. Porém, o impacto real disso foi zero. Das duas uma: ou a mortalidade da população não é dependente de falta de médicos, mas de outro tipo de problema ou esses 9 mil médicos a mais é que não tiveram essa capacidade de melhorar a saúde da população.
A resposta a essa dúvida virá agora. Com os médicos cubanos sendo substituídos por brasileiros ou cubanos revalidados (portanto, que sabem Medicina), veremos o que ocorrerá com a mortalidade em 2020 em diante. Obviamente que, se a mortalidade cair, a Imprensa já terá um novo discurso atribuindo essa queda ao aumento de consumo de alimentos orgânicos, redução do consumo de sal, de óleo, de gordura, de glúten, qualquer coisa para não admitir que espalhar médicos cubanos pelo território nacional não fez nenhum efeito na saúde da população carente.
Então, trata-se de mais uma fake news da Imprensa tradicional, tentando disfarçar a natureza vil do seu apoio ao Programa Mais Médicos somente por motivos ideológicos, sem realmente fazer a sua função de investigar e informar o público.