Por que os pacifistas e humanistas, em geral, são pessoas desprezíveis?

Se bem me lembro, Edmund Burke foi quem disse a famosa frase: “Ama a humanidade, detesta seu semelhante.” Esta é a melhor definição possível para os humanistas e pacifistas em geral. Esses indivíduos gostam de massagear seu ego fingindo uma bondade inexistente, são o que chamo de “prostitutas do like”, pessoas que querem mesmo pagar de heróis, mas sem realmente ajudar alguém de verdade, de carne e osso.

É assim que vejo o caso de Rike Soares, o ativista que foi para as ruas de vitória com um carro de som tocando “Imagine”, do John Lennon, e projetando #SemMedo nos prédios ao redor. A princípio vi como uma brincadeira, achando que ele próprio estivesse apenas de zoação. Um amigo, no entanto, me mostrou seu perfil no Facebook e eu vi que a coisa era séria. Então, pensei: “Tudo bem, não faz mal. É só um tolo iludido.”

Errado. O tolo fui eu, que por alguns minutos demorei a entender do que se tratava. Quando comecei a ler suas postagens e os comentários, rapidamente entendi do que se tratava. Rike é mais um desses “heróis” de meia tigela querendo ganhar curtidas na internet por praticar atos totalmente inúteis, mas com a áurea do “heroísmo” típico de qualquer Justiceiro Social neo-fascista e detestável.

O próprio John Lennon era assim, dentro de seu estilo e suas peculiaridades. Foi em sua curta vida uma pessoa desprezível, mas falava muito em “amar o próximo”, sendo este próximo sempre o mais distante possível. Não conseguia se entender nem com os companheiros da banda, mas tinha dicas de como salvar o mundo da “intolerância” e como acabar com os conflitos entre as pessoas. Que Pokemon é esse?

Os pacifistas e humanistas sempre são assim: heróis no discurso, mas frangotes nas atitudes. Vi pessoas idolatrando o tal Rike Soares da mesma forma que faziam com Lennon ou outros seres de mesma espécie, houve até quem levasse a fanfic para a vida real dizendo que “se emocionou muito” com a atitude, algo no estilo “chorei, choramos”, típico das estórias que essa gente curte inventar. Naturalmente, houve quem perguntasse a ele porque só passou com seu carro na zona nobre, distante das periferias. Que clichê, não é?

Embora muitos o estejam neste momento idolatrando, a verdade mesmo é que essa atitude não é nada além de simbólica. Podem chama-lo de herói, pois é isso que ele queria, mas herói mesmo é quem se arrisca para proteger outras pessoas, quem dá a cara para bater. Uma pessoa que tenha evitado um único assalto em sua vida é muito mais heroica do que cem que façam o que Rike fez. Alguém que já deu comida a uma criança esfomeada fez mais pela humanidade do que duzentos iguais ao Rike. Quem adota um bebê abandonado, quem dá gorjeta pro garçom, quem se arrisca para tirar alguém do meio do incêndio ou do tiroteio… Estas pessoas são heroínas da humanidade porque elas ajudaram um indivíduo.

Atitudes simbólicas servem se você quiser ganhar umas curtidas no Facebook, como Rike fez. Servem também se você pretende ser candidato a vereador daqui algum tempo, ou se pretende trabalhar em alguma ONG “humanitária”. Quem quer realmente ajudar as pessoas apenas ajuda. O mundo está cheio de heróis e eles são quase todos anônimos, mas são heróis ainda que tenham feito o bem de verdade a somente uma pessoa.

Eu imagino o mundo sem oportunistas, mas ele não existe.

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