GNT, a ferramenta de engenharia social da Globo

Logo após ser criada, a Globosat tinha quatro emissoras que formavam o núcleo duro da programação de TV por assinatura da Globo: a GloboNews, dedicada a notícias; o SporTV, dedicado a esportes; o Multishow, com programas de variedades e a GNT, emissora dedicada a documentários. O nome GNT vem de Globosat News Television, porque originalmente o canal era dedicado a notícias, porém de uma forma menos imediata que a GloboNews.

Com o tempo, a programação de notícias e documentários foi abandonada ou transferida para a GloboNews, como ocorreu com o programa Manhatan Connection e, em 2003, o canal passou a se concentrar numa programação voltada ao público feminino. Nessa nova programação, uma das principais atrações era o programa “Saia Justa”, onde quatro mulheres dedicavam uma hora a louvar as qualidades femininas e criticar os homens. Na formação original, Marisa Orth era a única que parecia ter alguma coerência e coragem de se posicionar contra a opinião das outras, que eram sempre ditas como verdades universais.

Porém, “Saia Justa” foi um teste de conteúdo, dentro da Estratégia da gradualidade de Noan Chomsky. E seu imenso sucesso entre a audiência feminina e, principalmente, feminista, o mantém no ar até hoje, com outras integrantes. Esse sucesso mostrou à direção que um trabalho mais amplo já poderia ser feito. Hoje, o canal divide sua programação entre inúmeros programas de culinária e outros voltados a um processo de conscientização coletiva bem elaborado, baseado nas pautas politicamente corretas e progressistas. Se existe um programa sobre adoção de crianças, raramente o casal mostrado é um casal tradicional. Casais gays ou lésbicos são mostrados numa proporção bem maior que a real. O programa “Amores livres” se propõe a mostrar outras formas de casais, “muito além do tradicional”. Outro programa, “Papo de segunda”, equivalente masculino de “Saia Justa” só reforça as mesmas ideias do original e possui um nome perfeito, por se tratar de um papo de segunda qualidade…

Realmente não haveria nada de errado em existir um canal de TV dedicado à divulgação de ideias progressistas, feministas, ideologia de gênero, questões raciais, etc. Se desejamos ter, algum dia, uma emissora que divulgue ideias conservadoras, devemos admitir que exista outra emissora com a ideologia contrária. Porém, a Globosat utiliza um recurso que pode ser considerado desonesto: a programação ideológica é compartilhada com um outro tipo, típico de canais femininos, com programas de beleza, decoração e culinária. Isso atrai o público feminino, que se torna alvo fácil da doutrinação, que ocorre até nos intervalos, onde se pode assistir a spots como o que vem sendo veiculado atualmente: um grupo entra num galpão, onde três países exibem frases racistas, discriminatórias, ofensivas. As pessoas observam as frases com faces que chegam a exprimir até dor, quando uma mulher avança para um painel e começa a arrancar os cartazes, surgindo “frases de enpondedamento”, seja lá o que isso significar.

Mesmo que a pessoa só queira assistir aos programas de culinária, sobre os quais comentarei em breve, ela terá que assistir trechos bastante longos dos outros programas, além de spots como o citado acima.

Aliás, doutrinação nos intervalos não é exclusividade do GNT. Quem assiste ao canal GloboNews já deve ter notado a campanha contra Donald Trump, feita nos intervalos. Disfarçado de chamadas para a cobertura das eleições americanas, temos falas polêmicas de Trump e acusações a ele feitas por Hillary ou Obama. Aliás, graças à GloboNews, conheci aquela cena patética onde Obama age como um palhaço, com uma entonação incompatível com um presidente, fazendo piadas dignas de um stand up contra Trump, a respeito de sua recusa de participar de um evento. Essa cena é repetida à exaustão nos intervalos da GloboNews, sem que nenhum jornalista questione a participação de um presidente numa campanha que não é dele, ridicularizando um candidato que poderá vir a ser presidente dos EUA.

O resultado dessa doutrinação subliminar é uma legião de brasileiros afirmando que Hillary é melhor que Trump, sem saber dizer o motivo; ou de brasileiros repetindo a falácia de que as crianças abandonadas por casais heteros são adotadas pelos casais gays, quando a adoção por casais heteros ainda é franca maioria; ou se pessoas acreditando num país homofóbico, racista e que mata mulheres simplesmente por serem mulheres.

Na verdade, não haveria muito problema numa emissora apoiar oficialmente um candidato à presidência dos EUA, o que já não ocorreria se o candidato fosse a cargo eletivo no Brasil, desde que anunciasse isso, ao invés de afirmar que seu jornalismo é isento. Para o telespectador desavisado, essas informações nos intervalos vão criando uma crença de que essa é a verdade incontestável, exatamente como Chomsky alertou ao descrever os métodos de influenciação coletiva. Desmascarar esses métodos é obrigatório para evitarmos uma população doutrinada não só nas escolas, mas na vida adulta também.

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