Após o êxito da saída do Reino Unido da União Européia, que ficou conhecido pelo termo BREXIT, que seria algo como Britain + Exit, pipocaram movimentos na Europa de políticos ressentidos com a política européia e que querem fazer referendos semelhantes em seus países, mas não só na Europa, na América do Sul surgiram movimentos semelhantes em que se pede a saída do Brasil do Mercosul, por divergências ideológicas principalmente, o que se caracterizaria por um BRAexit.
Só que ultimamente os ventos vem mudando por essas paragens e o bolivarianismo não é mais reinante como ideologia do Mercosul, temos a Argentina, de Maurício Macri, inclinada a um projeto mais liberal, assim como o Paraguai, de Horacio Cartes, o Uruguai, de Tabaré Vázquez, e o atual Brasil, do presidente interino Michel Temer, tem inclinações mais à direita do espectro político; fazendo assim com que os bolivarianos da Bolívia, de Evo Morales, e a Venezuela, de Nicolás Maduro, estejam em minoria.
Antes precisamos fazer pequenos esclarecimentos, Macri é liberal e Temer é centro-direita, já o presidente paraguaio Cartes está no partido de maior permanência no poder na história do Paraguai, que é o Partido Colorado, que é considerado conservador, mas o atual presidente tem uma visão bem liberal e, assim como Macri, era um empresário bem sucedido antes de se tornar presidente, veja o que pensa Horacio Cartes sobre a diferença entre gerir uma empresa e um país:
“Numa empresa, a gente toma a decisão e faz. Aqui, não. Entre aprovar uma ideia, um crédito, e realmente executá-lo, vai um tempão, de análise, de burocracia. Isso me desmotiva. Gosto da eficiência do livre mercado, porque sei que, quando uma coisa está cara, o outro simplesmente não compra.”
Já o presidente uruguaio vem de um partido de esquerda (?) a Frente Ampla (FA) que vem fazendo profundas reformas econômicas no país. Tabaré Vázquez já havia assumido a presidência antes (2005-2010) quando ajudou a estabilizar a economia do país e passou a faixa presidencial para Pepe Mujica (2010-2015) também da FA, que o repassou novamente agora para novo mandato (2015-2020). Vázquez tem medo de ser visto como “neoliberal” ou mesmo “de direita”, mas implementou reformas importantes, e vistas como erradas pela esquerda radical de seu país, como um câmbio flutuante, fez um rebaixamento salarial no funcionalismo estatal, o corte de investimento nas empresas estatais, o corte nas políticas sociais para readequação econômica; quer manter laços mais fortes com os EUA e a União Européia e fez o Uruguai tornar-se membro observador da Aliança do Pacífico. Por essas e outras ele seria facilmente classificado como “de direita” aqui em terra brasilis.
Bem já sabemos do posicionamento político de Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai acerca de uma redução real de tarifas alfandegárias no Mercosul, maior integração do bloco com a Aliança do Pacífico, os EUA e a União Européia, assim como a flexibilização das regras quanto a acordos bilaterais de seus membros em separado com outros países, o que é terminantemente proibido pelo estatuto do Mercosul. Todos esses países citados estão ávidos por fazerem suas economias crescerem e eles não querem “inventar a roda”, querem usar o modelo que vem dando certo a muito tempo em todo o globo que é o do livre mercado e acordos comerciais com quantos parceiros estiverem afim de negociar.
Já a Bolívia e a Venezuela teimam em atravancar tais negociações em prol de uma ideologia torta bolivariana/socialista/comunista que vê no livre mercado o capeta personificado e prefere falir seus Estados a abrirem mão do controle estatal brutal que exercem em seus países, mesmo que para isso sua população padeça de fome como vemos atualmente no país de Nicolás Maduro. Mas os mesmo ventos de mudança também já sopram por esses dois países e no início do ano Evo Morales viu seu referendo para que ele pudesse concorrer a um 3º mandato consecutivo naufragar e sua idéia de perpetuação no poder morrer. Já na Venezuela vemos a oposição ressurgir comandando o Congresso e já clamando, juntamente com o povo, para a aprovação de um referendo que encurte o mandato do protótipo de ditador do Maduro.
Então neste exato momento da história não seria interessante um “BRAexit” já que somos maioria dentro do Mercosul. Resta-nos aguardar para ver qual a cabeça que sucederá a Evo Morales, na Bolívia, e quem sucederá Nicolás Maduro na Venezuela. Se tal sucessão à direita não ocorrer e os mesmos permanecerem ou forem sucedidos por outros radicais esquerdopatas então a proposta seria um VENEZUExit e até uma BOLexit, ou seja, só que no sentido de expulsão dessas duas chagas que atrasam o desenvolvimento regional dos demais membros do Mercosul!