Em países desenvolvidos e com maior grau de liberdade, a educação é concebida como prioridade absoluta e um direito fundamental não só a partir de investimentos como também na transparência quanto à gestão em instituições de ensino. Um povo educado gera capital humano necessário para impulsionar a produtividade, diversificar a atividade econômica, fortalecer a cidadania, lutar pela solidez das instituições e garantir a própria valorização pessoal e profissional.
O aperfeiçoamento da educação deveria ser meta permanente por parte do poder público, do setor privado, de professores, de estudantes, de pais de estudantes, da coordenação e da direção de escolas. Tudo começa na educação básica, ou seja, nos ensinos infantil, fundamental e médio. É nas escolas onde os alunos têm que aprender a ler e a escrever, saber interpretar e discutir bem textos, dominar operações matemáticas, formar opiniões, trabalhar em equipe, estreitar relações sociais e despertar o gosto pela leitura, informação e pesquisa.
No entanto, não é isso que ocorre no panorama educativo do Brasil. Ainda há milhões de analfabetos funcionais em escolas e universidades e, sobretudo, um péssimo desempenho dos discentes em exames internacionais, como o Pisa. Outra sequela que acomete a educação brasileira é a sufocante centralização por parte de sindicatos e a ideologização à esquerda por parte do corpo docente. Ou seja, ideias como competição, mérito e objetividade são praticamente marginalizadas no ambiente escolar, sob a batuta de que “ferem o princípio de igualdade”. Obviamente a luta por igualdade deve prevalecer, porém de oportunidades. Jamais se deve pensar que todos são iguais: cada indivíduo possui experiências, criação e características de personalidade distintas. É tão traumático assim compreender isso?
Para reverter a chaga da doutrinação político-ideológica que envenena a mente de estudantes em fase de formação intelectual, surgiu uma associação independente e sem fins lucrativos chamada Escola Sem Partido. A intenção desta iniciativa visa a alguns pontos: descentralização e desmonopolização do conhecimento; respeito à integridade intelectual e moral dos alunos; não interferência sobre a maneira com que os pais dos alunos devem educá-los, conforme suas convenções e valores; variedade quanto ao ensino e aprendizagem de conteúdos, conforme vastas bibliografias, livros e textos.
Em disciplinas de Humanas, como história, sociologia, filosofia e geografia, é comum que “educadores” – bem-intencionados a ocupar espaços para fixar a hegemonia cultural, conforme apregoa o comunista Antonio Gramsci – usem a autoridade para relativizar ou ludibriar a informação como lhes convém. Por exemplo: “o capitalismo e o livre mercado provocam a exclusão social, a miséria e a exploração por parte da elite e dos mais ricos”; “os Estados Unidos promovem guerras, invadem países para explorar petróleo e seu povo é racista”; “o socialismo prega a igualdade entre todos, inclusão social e luta pelos direitos de todos”; “Fidel Castro foi o ícone da revolução, erradicou o analfabetismo e a fome em Cuba, e o país tem a melhor medicina do mundo”; “o cristianismo matou milhões de pessoas no mundo através da Inquisição”. Esses e muitos outros cacoetes são reproduzidos diariamente a nossas crianças e jovens sem nenhum tipo de base científica, estudos aprofundados ou fontes diversificadas. De acordo com a estratégia gramscista, há que ruir todos os alicerces que sustentam a cultura ocidental. Por isso, discursos combativos ao cristianismo, aos Estados Unidos, ao setor privado, a Israel e ao capitalismo viralizaram a consciência e a “visão crítica” de muitos jovens que se dizem “politizados”.
Pergunta-se: isso é ensinar? Quando se aborda qualquer assunto ou conteúdo em sala de aula, há que fazê-lo com neutralidade, apontando fatos, suas causas ou consequências, com pontos de vista de autores ou intelectuais variados, sem juízos de valor ou retórica passional a favor de um segmento ou repudiando outro. Afinal, o docente, como em qualquer país democrático, pode ter suas próprias convicções, mas em sala de aula tem que educar e não instruir ou persuadir o aluno a que pense semelhante. Escola não é escoadouro para ativismo político ou disseminação do marxismo cultural.
A Associação Escola Sem Partido, além de preencher essa lacuna, tem função didática, pois disponibiliza os mecanismos para orientar os pais quanto ao problema, afixa um cartaz com os deveres do professor, acolhe denúncias de alunos que foram vítimas do abuso, expõe artigos de renomados especialistas que discorrem do problema, dá dicas de como flagrar um doutrinador e muitas outras ferramentas.
O Estado de Alagoas deu um passo adiante no que se refere a este assunto. Parlamentares aprovaram este ano lei que pune a doutrinação em sala de aula por parte de professores que induzam alunos em temas políticos e religiosos ou façam propaganda deles. Obviamente o projeto Escola Livre teve a objeção de sindicatos e de militantes políticos, que alegaram “inconstitucionalidade”. A liberdade de ensinar é inviolável, porém não é prerrogativa para dizer ou adotar condutas e hábitos conforme o bel-prazer do educador. Que isso fique claro!
Para uma melhor elucidação, leia também:
Como o gramscismo corrompe o ambiente acadêmico e cultural no Brasil