Já se tornou clássico o exemplo do sapo que, jogado na panela de água quente, salta para fora rapidamente e do outro, que colocado numa panela de água fria, fica nela, apesar dela estar sendo aquecida, até morrer cozido.
Todo mundo adora esse exemplo, embora poucos realmente observem os fatos da vida sob essa visão, evitando se tornar “sapos cozidos”.
É aquela moça, que não dá a devida atenção para o fato do namorado tê-la segurado pelo braço com um pouco mais de força numa discussão, que se vê espancada diariamente pelo mesmo namorado, agora transformado em marido…
É aquele funcionário que não estranhou quando um chefe o tratou de forma ríspida e agora se vê preso a um emprego onde sofre assédio moral constante…
Da mesma forma, quantos de nós rimos e achamos ridículo que o ditador norte-coreano obrigue os homens de seu país a usar o mesmo corte de cabelo que ele, ou que seus generais andem com um caderninho anotando todas as suas palavras, co,o se fosse um messias. Mas ninguém se pergunta, como um povo pode chegar ao cúmulo de aceitar esses absurdos.
Mas não precisamos ir longe para isso. Ao assumir seu primeiro mandato presidencial, Dilma anunciou que queria ser chamada “presidenta”. Apesar de alguns especialistas terem argumentado que a palavra “Presidente” era neutra, portanto não comportando mudança de gênero, a decisão não só foi mantida, como passou a ser defendida e até imposta. Quem não se lembra da reação, ridícula, da Senadora Marta Suplicy, ao exigir que outro senador, a tratasse por “presidenta”, quando assumiu por algumas horas a Presidência da mesa do Senado? Pior de tudo foi ver o senador abaixar a cabeça para essa exigência e corrigir o que havia falado.
Cada pequena imposição, cada ideia esdrúxula que aceitamos sem protestar, é um tijolo a mais na construção de um futuro onde algum governante nos dirá o corte de cabelo que poderemos usar. Isso não é paranoia. É simples constatação. Ninguém chega ao poder e diz que vai mandar na vida de todo mundo. Isso é feito de forma tão gradual que as próprias pessoas acham algo necessário. Por isso temos que ser vigilantes.
O preço da liberdade é a eterna vigilância.