Quando foi indicado para o Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa tinha a primazia de ser o primeiro negro a chegar à corte mais alta da república. Aliás, a mídia nunca escondeu que Lula o havia escolhido somente por esse motivo. Associada às suas frequentes licenças médicas por problemas de coluna, Barbosa chamou atenção dos advogados brasileiros a falta de grandes conhecimentos jurídicos do Ministro. Sua atuação vinha sendo bastante discreta e até decepcionante.
Porém, ao se deparar com o julgamento do Mensalão, Barbosa viu uma oportunidade para se destacar e escrever seu nome na História. Contrariando muitos de seus pares, alguns claramente favoráveis ao Governo petista, outros mais adeptos de uma isenção que beirava a omissão, Barbosa chegou a atropelar em alguns momentos alguns preceitos da Justiça para expor e punir os responsáveis pelo primeiro da grande de série de escândalos que marcaram os governos Lula e Dilma.
Apesar de alguns advogados terem criticado alguns abusos e uma certa prepotência de Barbosa na condução do processo de alguns dos réus do Mensalão, o futuro provavelmente esquecerá isso e somente lembrará de Barbosa como o juiz corajoso que enfrentou um partido que havia infiltrado todas as instituições, inclusive a própria suprema corte.
José Dias Toffoli também chegou ao STF por motivos diferentes da competência esperada para um juiz no mais alto cargo da República. Após uma atuação como advogado da CUT e tendo, por duas vezes, tentado sem êxito passar em concurso para juiz, Toffoli era a figura menos provável para se tornar Ministro do STF. Apesar da pouca idade e da falta de currículo, ele foi indicado por Lula para a vaga.
Sua atuação inicial parecia confirmar as expectativas negativas. Sempre votando a favor do Governo, comandou uma eleição suspeitíssima com urnas eletrônicas e apuração secreta, sem possibilidades de auditoria, atos que o alinhavam como não só favorável ao Governo, mas como parte da gangue que assaltou o país nos últimos anos.
Porém, nos últimos meses, Toffoli tem surpreendido a todos (e talvez ainda mais aos petistas). Tem não só votado contra o Governo, como feito duras críticas a ele, como ocorreu recentemente ao afirmar que o processo de impeachment era absolutamente justo e constitucional.
Será que Toffoli, sabendo-se ainda muito jovem, não quis sujar sua história mantendo a defesa de um Governo que já mostra ter acabado antes mesmo de ser impedido? Será que, tal qual Barbosa, decidiu esquecer quem o indicou e passar a defender os desejos e expectativas dos brasileiros comuns? Mesmo após o impeachment, ainda teremos muita coisa a ser julgada, com as vantagens de que não teremos mais o PT interferindo com a máquina governista. Gilmar Mendes deve se aposentar e ainda temos vários Ministros ideologicamente alinhados com a Esquerda como Fachin e Barroso. Toffoli poderia assumir a função que já foi de Barbosa e, no momento, tem sido de Gilmar Mendes. Se isso realmente ocorrer, Toffoli será o próximo Ministro do STF a ser elevado a categoria de paladino da Justiça pelos brasileiros.