Escrevo normalmente artigos sobre filmes, mas me diga aí hoje em dia quem é fã de filmes que também não o é de séries!? Não me debruço sobre seriados americanos, embora curta muito, assista e tenha os meus preferidos, pela falta de tempo de às vezes acompanhar todos os episódios e temporadas e por já haver inúmeros bons sites especializados falando sobre cada uma das inúmeras séries que estão aí. Bem, mas vamos abrir uma exceção para Supermax por esta ser a 1ª incursão séria da televisão aberta brasileira no ramo das séries, digamos, de ficção com um quê de sobrenatural.
Ontem foi a estréia e eu assisti como muitos pela 1ª vez (sim não tive intenção de assinar o serviço pago da GloboPlay pra isso) e confesso que gostei. Sim gostei. Acho que gostei também pelo fato de ao fazer uma breve pesquisa antes do episódio para poder escrever esse artigo vi a humildade do diretor e criador da série José Alvarenga Jr. em dizer que a série estava sim aquém dos seus congêneres americanos, mas que estavam se esforçando e para termos uma produção nacional de séries que explorem gêneros de ficção, terror, paranormalidade e afins teriam que começar de algum ponto. Então fui assisti-la mais desarmado e novamente gostei do que vi e principalmente do que não vi.
Um breve resumo – SEM SPOILERS – para depois entrarmos nos comentários. A série simula um reality show no estilo BBB, só que tendendo a ser, digamos “mais bruto”, em uma prisão de segurança máxima abandonada nos confins da floresta amazônica, em que 12 pessoas, que já cometeram algum crime na vida, disputarão provas e o vencedor levará para casa o prêmio de 2 milhões de reais.
Partindo dessa premissa gostaria de elencar logo alguns acertos antes de fazer as críticas. Entre os acertos está o elenco, em que não consta nada de muitos famosos – estrelas – apenas Mariana Ximenes, Cleo Pires e Erom Cordeiro são figurinhas conhecidas do grande público; isso é um acerto e um grande risco claro, acerto para que não confundamos a série com as telenovelas do horário das 23h da Globo e risco porque assim como as caras novas podem surpreender positivamente podem decepcionar também. Outro acerto foi a cenografia e nisso a Globo já é mestra a muito tempo! O pouco que podemos explorar do interior da Supermax nos mostra uma luz fraca, cheia de cantos escuros, um ambiente desolado e inquietante e porque não dizer bem realístico. E aquilo que a série acertou em partes foi o fato de não despejar logo todas as informações de cara como acontece nas novelas; não precisamos saber tudo sobre todos os personagens, uma parte da graça é ir descobrindo a complexidade de cada um gradualmente e explorar bem essa singularidade de cada um de modo que em certo ponto os personagens tenham tanto ou mais medo uns dos outros do que é que possa estar lá fora ou lá dentro da prisão!
E os erros? Bem não diria bem erros, mas falta tato ainda pro pessoal e como eu disse foi bom o diretor ter dito logo de modo explícito que isso é uma aprendizagem. O primeiro erro ao meu ver foi a escolha do Pedro Bial. Putz o cara tá intrinsecamente associado com o Big Brother Brasil, até um fundo azul igual colocaram no fundo da tela quando ele aparecia; poderiam até escolher um ator/atriz ou apresentador(a) global (Galvão não peloamordeDeus!) para colocar no lugar para transmitir mais dramaticidade. Eu assistia e via a hora em que um dos confinados perguntou sobre um telefone vermelho que estava em um canto eu jurava que ele iria dizer algo do tipo: “Oh Bial esse telefone vermelho é igual ao Big-phone?!”. Pois é, escolha infeliz essa. O outro é na condução da narrativa, não quero “dar aula” de como fazê-lo, mas visto que o desejo é atingir o grau de produções americanas do gênero como Supernatural, The Walking Dead e afins, o episódio inicial pecou ao não nos mostrar uma ação entremeada com um suspense que já despertasse uma maior curiosidade no telespectador. Teve bons momentos como o grito no meio da noite e o “pesadelo” do ex-padre, assim como a “visagem” que uma das personagens teve quase no finalzinho do episódio; mas assim como o jogo pede para que não se mostre demais no início, entregando assim logo “todo o ouro”, você deve empolgar o público, que ainda não é cativo, e faltou isso a Supermax na sua estréia. Tanto que teve que apelar para flashes do 2º episódio ao final deste inicial para poder fazer o telespectador pensar: “É vou dar mais uma chance… o próximo pode ser melhor.” No duro mercado norte-americano de séries um primeiro episódio morno ás vezes já é o suficiente para engavetar bons projetos.
Enfim deixo minha análise final, que sim, vale a pena ver Supermax e dar uma chance para esta inovadora série brasileira nos mostre a que veio no desenrolar da trama. E que se bem sucedida no seu intento esta não tarde a gerar crias, não estou falando de spin-offs, e sim de outras séries que saiam da mesmice das sitcoms de comédia.