As discussões acerca de temas políticos complexos têm cada vez mais se tornado banais, superficiais e distantes de noções realistas sobre o mundo. Como sempre gosto de deixar claro em meu site pessoal, Modo Espartano, na era moderna o que vence qualquer disputa política não é a verdade ou o bom argumento, é o controle da narrativa.
Diante disso, temos basicamente duas formas de agir. Podemos bater o pé, reclamar e acusar nossos adversários de serem pessoas que “jogam sujo”, ou podemos fazer melhor do que isso e superá-los. Eu, particularmente, escolho a segunda opção, pois nela há a possibilidade de vitória.
O ponto onde vejo que nós, de direita, ainda somos mais frágeis, é justamente no que tange às questões culturais. Em primeiro lugar, permitimos ao longo dos anos que a extrema-esquerda tomasse conta do espaço artístico, um meio que nós deveríamos ter sempre ocupado. Pode parecer bobo, mas discussões sobre economia e ética não surtem tanto efeito no longo prazo quanto uma base cultural bem estabelecida. E, aqui, não falo de cultura no sentido elitista do termo, me refiro mesmo a coisas básicas como literatura, cinema, teatro ou o que quer que seja.
Ayn Rand, apesar de filósofa, teve como sua maior contribuição ao liberalismo justamente a criação de romances literários, estórias criadas para contar, de maneira intrigante, aquilo que ela defendia. Cá entre nós, é bem mais interessante ler A Revolta de Atlas ou 1984 (de George Orwell) do que se enfiar em livros técnicos que explicam porque o socialismo é ruim e errado. Um adolescente de inteligência média pode ser atingido por uma boa literatura e ele pode, com isso, entender conceitos sem muito esforço, mas talvez ele nunca seja atingido da mesma forma por um “manual” sobre política e ou um monte de gráficos sobre economia.
O individualismo defendido por Rand pode ser facilmente identificado em suas obras como romancista, sem que ela necessariamente tenha que explicá-lo. O mesmo se pode dizer a respeito de Don’t tread on me, música com letra libertária da banda americana Metallica.
De fato já existem bons exemplos de como se fazer isso, e creio que o caminho deva passar justamente por uma nova revolução cultural. Nós precisamos ocupar cadeiras no Congresso e também podemos atuar nos debates acadêmicos, bem como não há nada errado em falar, sim, sobre economia e ética com abordagens mais técnicas. O que devemos ter em mente, no entanto, é que essas coisas têm efeito temporário. Se não dominarmos a base nunca dominaremos o topo.
Fica aqui, novamente, meu incentivo para que liberais, libertários ou conservadores invistam um pouco nisso. É importante dedicarmos uma parcela de tempo e energia para desempenhar papel no meio artístico e empurrar para fora, aos poucos, aqueles que hoje utilizam-se disso como ferramenta para defender suas ideologias nefastas.