Alteração brusca no curso de uma situação, escassez, mudança conflitiva no desenvolvimento estrutural do ambiente. Essas são as definições gerais aplicadas a uma crise, de modo que o Brasil se enquadra com veemência nelas, sobretudo nos âmbitos econômico e político. De acordo com o Índice de Competitividade Global 2015, por exemplo, o Brasil se fixou na 75ª posição, de maneira que obteve o pior desempenho entre todos os países emergentes, ficando atrás, inclusive, de países como México e Colômbia, mais afeitos ao livre-comércio com outros países do Pacífico. Este Índice apresentado pelo Fórum Mundial mensura e avalia causas determinantes para a produtividade e o avanço dos países. No caso do Brasil, o ranking vergonhoso se deve à instabilidade política e institucional e ao declínio macroeconômico.
O declínio macroeconômico pode ser percebido no Produto Interno Bruto (PIB), já que o mercado financeiro prevê para 2016 uma retração de 3%. Resumindo: recessão no setor produtivo. Além disso, a inflação somou quase 11%, a mais alta desde 2002, implicando na diminuição do consumo, em mudanças de hábitos dos trabalhadores e em queda na qualidade de vida, visto que, enquanto os preços não param de subir, os salários se estagnaram e não acompanham mais essa tendência.
Porém, sem dúvidas, em tempos de penúria econômica, o desemprego é a maior chaga. Conforme pesquisa divulgada recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ele alcança 9% e a previsão é de que atinja dois dígitos em 2016. Cerca de 2,5 milhões de brasileiros buscam vagas no mercado de trabalho e os desdobramentos desse panorama seguirão adiante, com mais de 2 milhões de vagas perdidas para este ano, cujos setores mais afetados são a construção civil, a indústria – defasada pelo protecionismo – e também o de serviços. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima, em recente estudo de empregabilidade, que, em 2016 e 2017, 1 em cada 5 novos desempregados no mundo será oriundo do Brasil. As empresas sentem o recrudescimento burocrático e excessivo de tributos no país, algo hostil para o saudável ambiente de negócios. A Walmart, por exemplo, renomada rede varejista de supermercados, terá que fechar 30 lojas no Brasil numa média de sete estados. Outras tantas dezenas de lojas também das Casas Bahia e Ponto Frio deixaram de operar.
Já está na hora de sepultar a falácia discursiva populista ao buscar um inimigo externo para atribuir a culpa pelo fracasso no gerenciamento da política econômica do país e começar a assumir os equívocos bestiais cometidos ao longo dos anos. Esta crise foi provocada, é interna, arrastada também pelo lamaçal político e moral da corrupção e do corporativismo. Quando gestões modernas priorizam a inovação, o empreendedorismo e o livre mercado, forma-se uma cadeia global dinâmica para o estreitamento e o compartilhamento de informações e tecnologias, em que cidadãos se beneficiam. É o segmento privado que movimenta a atividade econômica, são os investimentos externos que desencadeiam crescimento e transparência, de maneira que tudo isso só é possível quando um país se empenha em fortalecer a confiança, a independência entre os poderes e o florescimento de suas instituições. Lamentavelmente, não é o que ocorre no Brasil, um país que preferiu restringir parcerias comerciais ao fixar barreiras protecionistas, burocráticas e tributárias para investidores, através de um sem-fim de papelório, documentos e impostos abusivos que sangram o bolso dos empregadores e repelem postos de trabalho. Uma sociedade que não é incentivada à competição carece de educação.
Enquanto isso, a corrupção desmedida brota nas entranhas do governo federal; o centralismo sindical ocupa espaço na vida cultural do país; o Estado se agiganta cada vez mais, interferindo na economia e achatando a iniciativa privada com regulações; os gastos públicos persistem; o relativismo moral e a ideologização esquerdista acometem a educação em escolas e universidades; a carga tributária sufoca o bem-estar e a segurança financeira das famílias. O reflexo disso é que, segundo estudo publicado no jornal Valor Econômico, houve rebaixamento de quase 4 milhões de brasileiros da classe C para D e E, além de que, mesmo arrecadando mais de 1,4 trilhão de reais em impostos, o Brasil é o último país do ranking no que se refere ao retorno dos tributos em serviços públicos essenciais à população. Triste cenário de um país que prefere viver de ilusionismo politiqueiro projetado por modelos ideológicos funestos!