A todo momento, uma infinidade de pessoas no planeta exercem a necessidade de gastar dinheiro, seja pela sobrevivência ou por mero deleite. Junto a isso, quase que sempre está associada também a busca pela racionalização destes gastos, termo popularmente conhecido pelo verbo “economizar”, e no Brasil não é diferente.
Quando se fala em Ciências Econômicas, no sentido da macro economia brasileira, se pararmos um pouco para uma rápida análise minuciosa, perceberemos de imediato que nossa economia popular (no sentido populacional, englobando ricos e pobres) é mesmo uma coisa peculiar: enquanto vemos brasileiros fervorosos, até se degladiando para economizar centavos, desperdiçam milhares e até milhões de Reais sem essa mesma cautela, e o mais revoltante: esse mesmo desperdício vai, em geral, a quem não precisa e até não merece.
A comparação entre o mercado automotivo e as feiras livres de frutas e verduras são, sem dúvidas, o maior exemplo do quão é incompreensível a economia popular brasileira, pois enquanto todos sonham em comprar um carro novo justamente no país em que o mercado fechado cobra um dos maiores valores proporcionais do planeta (por muitas vezes utilizando-se do financiamento que cobra uma das taxas de juros mais altas do mundo!), ao mesmo tempo engalfinham-se em feiras livres sem qualquer estrutura e mesmo a básica higiene, exigem descontos de insumos básicos que em geral são muito baratos (como frutas e verduras), prejudicando o já escasso lucro dos pobres feirantes, tudo isso para economizar baixas quantias e mesmo centavos.
Diante desse questionamento, pode-se até bradar que ” – o dinhêro é meu!”, mas o que deve ser considerado é mesmo a questão da já citada macro economia, porque se eu ou qualquer pessoa quiser, por exemplo, adquirir um carro novo, pagaremos um absurdo porque as fabricantes já sabem que milhares de pessoas pagam esse mesmo absurdo. Se em algum momento precisarmos ou mesmo quisermos obter um crédito na rede bancária, temos que aceitar nos submeter a uma das taxas de juros das mais altas no mundo, e caso não aceitemos nos resta a única opção de não realizar o negócio, porque milhares de pessoas se submetem a isso (até sem questionar, por temor em não poder obter novas aceitações de crédito!) e não será eu como cliente que fará falta ao sistema.
A resolução dos problemas inerentes á economia popular brasileira seria, acima de tudo, uma questão de pacto social. Nossa sociedade poderia se unir e, por exemplo, suspender a aquisição de veículos novos, evitar ao máximo utilizar-se de financiamento bancário, dar preferência a pequenos comerciantes, enfim, mas reconhecemos que, o que a princípio seria fácil, torna-se quase uma utopia quando nos damos conta de uma realidade a muito tempo quase que completamente viciada pelo sistema, o que explica a reação dos brasileiros perante a “moda” do momento, nossa famigerada crise econômica. A todo tempo nos deparamos (sem perceber) com a doutrinação econômica ao qual nossa população está sendo submetida, que os orienta a justamente cortar gastos apenas nas pequenas despesas. Acrescenta-se à conta também a segregação social incentivada de forma reversa e no fim teremos, ou melhor, TEMOS este sistema econômico controverso, velado, como tudo no Brasil é, mas que como tudo no Brasil também “a gente vai levando, a gente vai levando, a gente vai levando essa vida!”…