Entenda a Operação Custo Brasil
Para algumas pessoas, ficou um pouco confuso entender a prisão do ex-ministro Paulo Bernardo. Foi parte da Operação Lava-Jato? Foi Sérgio Moro quem ordenou a prisão?
Não. Embora essa operação possa ser considerada um desdobramento da Lava-Jato, trata-se de outra operação diferente e comandada pela Polícia Federal (PF) de São Paulo e não a PF do Paraná.
As investigações da Lava-Jato esbarraram em outro esquema de corrupção, que não envolvia a Petrobras. Por isso, o STF ordenou que os documentos relacionados a esse esquema fossem encaminhados a São Paulo. E as investigações da PF e do Ministério Público chegaram às prisões dessa quinta-feira.
Segundo a PF, foram constatados indícios de que o Ministério do Planejamento, durante a gestão de Paulo Bernardo, direcionou a contratação de uma empresa de prestação de serviços de tecnologia e informática para a gestão do crédito consignado na folha de pagamento de funcionários públicos federais com bancos privados, interessados na concessão desse tipo de crédito. Essa empresa foi contratada para evitar fraudes no crédito consignado. Os serviços da empresa eram custeados por uma cobrança de cerca de R$ 1,00 de cada um dos funcionários públicos que aderiam a essa modalidade de crédito.
Essa empresa, chamada Consist Software, repassava 70% dos seus ganhos aos integrantes do esquema, dentre eles o então ministro Paulo Bernardo que continuou a receber, embora em porcentagem menor, mesmo quando passou a ser o Ministro das Comunicações.
Além de Paulo Bernardo, foram expedidos mandados de prisão para o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, que já estava preso em Curitiba; o secretário municipal de Gestão de São Paulo, Valter Correia da Silva dentre outros.
O Ministério Público Federal e a PF avaliam que foram desviados mais de R$ 100 milhões do sistema de gestão de crédito consignado do Ministério do Planejamento no período de 2010 a 2015.
Mais uma vez, constata-se que, quando algum burocrata defende algum meio de evitar fraudes, na maioria das vezes ele quer garantir que não haja fraude sem que ele seja beneficiado.