Antes de mais nada, gostaria de esclarecer que parte das ideias desse texto não são originais. Na verdade, li um texto de um autor brasileiro, citando essa frase do título de um outro autor estrangeiro. Porém, esse autor nacional é esquerdista e estava fazendo uma autocrítica à Esquerda e seu texto tem tantas bobagens estereotipadas contra a Direita, que achei melhor aproveitar o que concordei no texto e ignorar o restante. Por isso não citarei o autor ou colocarei link do seu texto, como normalmente faria.
Qualquer pessoa que realmente utilize as redes sociais deve ter notado, nos últimos tempos, um aumento do número de pessoas, particularmente jovens, a favor de um posicionamento à direita, seja liberal ou conservador. Quem é um pouco mais velho sabe que isso era extremamente raro há 20 ou 30 anos. E qual o motivo disso?
Se voltarmos à década de 50 ou 60, observamos que a ideologia de esquerda era a exceção. Ser de esquerda era uma forma de ir contra o pensamento dominante. O jovem colocava um pôster de Marx ou Che Guevara na parede do seu quarto como forma de rebeldia ao pensamento de seus pais. A cultura de esquerda, era a contra-cultura na época.
Os anos se passaram e, graças às técnicas pregadas por Antonio Gramsci e ao marxismo cultural, a esquerda foi se tornando um pensamento hegemônico até para aqueles que nem se declaram como de esquerda. Hoje, um jovem cresce em meio a ideias contrárias à livre iniciativa, ao empreendedorismo, ao mérito, sem falar das críticas à família tradicional, à religião e à moral.
Como parte da natural rebeldia do jovem, ele busca ser diferente da maioria, dos seus professores ou de seus pais. Nesse movimento contra o pensamento dominante, a contra-cultura atual não é mais a Esquerda, mas a Direita.
E como se não bastasse essa tendência do jovem em se rebelar contra a maioria, temos uma dura realidade que está diante de todos: o meio esquerdista é um ambiente tóxico. Ninguém se sente seguro lá. A qualquer momento você pode falar ou fazer algo que te faça cair em desgraça. Pode ser acusado de machista, homofóbico, fascista, gordofóbico ou qualquer outro novo “pecado mortal” da religião esquerdista. Quando você menos espera, inventam uma nova “fobia”. Recentemente li a tolice “psicofobia” para designar as pessoas que têm preconceito contra portadores de doenças mentais, como se todos fossem obrigados a adorar conviver com um esquizofrênico.
Isso leva as pessoas a uma tensão constante. Principalmente se o indivíduo não faz parte de nenhum grupo privilegiado pela boa vontade desses grupos de esquerda, como gays, negros, indígenas ou mulheres. Mas o nível de paranoia chega a ser tão elevado que mesmo que a pessoa seja uma mulher negra e lésbica, ainda pode cair em desgraça por algum deslize. E esse deslize acarretará um isolamento social que chega a ser pior que a morte. Um exemplo clássico disso é como a classe artística esquerdista brasileira decretou a “morte” de Wilson Simonal no auge de sua carreira. De uma hora para outra, ninguém mais o chamava para shows, rádio ou TV. Estava morto, embora vivesse…
Para a imensa maioria dos jovens (e não tão jovens assim), essa preocupação em não cair em desgraça domina sua mente. Para esses, não há como enxergar a realidade. Mas para alguns, fica claro que, ao participar de grupos de esquerda, não se está procurando resolver as injustiças sociais, como se acreditava, mas só se preocupando em se tornar popular, poderoso e agredir os mais fracos daquele meio. Uma roupa, uma frase, um gesto já será motivo para que todos caiam sobre o pobre infeliz.
É claro que, de tempos em tempos, esses líderes escolhem um espantalho para atacar fora do grupo. Pode ser um Bolsonaro, ou um Marco Feliciano, com acusações que podem ou não ser baseadas em fatos, não importa. Porém, como esses alvos não dão a mínima importância ao que pensa a Esquerda, muito pelo contrário, crescem ao ser atacados, o movimento esquerdista precisa atacar seus próprios elementos, como as feministas fizeram com Fernanda Torres. E por que? Para se sentir poderosos. Fernanda recuou prontamente, temendo perder seus admiradores. Um Marco Feliciano ganha admiradores ao ser atacado pela Esquerda.
Finalmente chegamos a um grande diferencial entre a Esquerda e a Direita atuais. Enquanto na década de 60, os jovens liam livros proibidos pelo regime militar, louvando o marxismo e se sentiam intelectuais por isso. Hoje, a cultura esquerdista se resume a assistir a uma peça de teatro onde atores enfiam o dedo no ânus uns dos outros. Aí o jovem vai, nas redes sociais, ver o que os direitistas estão falando e os liberais citam Mises, Hayek, os conservadores citam Chesterton, Scruton, Olavo e esse jovem não sabe nem quem são esses autores.
Numa discussão com algum direitista, ele corre o risco de ler algum trecho de autores gregos clássicos, sendo que ele não sabe nem quem foi o Édipo do tal complexo. Tudo isso graças a Paulo Freire, que destruiu a educação brasileira. É todo um universo cultural que esse jovem desconhece e que, hoje em dia, representa a verdadeira contra-cultura. Esse jovem se sente tentado a se rebelar contra o pensamento dominante e estudar esses autores, “proibidos” pela Esquerda. Em alguns meses, se declarará de direita…
Basta ler dois ou três livros e tentar argumentar com algum amigo de esquerda que ele já verá o abismo cultural e intelectual que os separa. Ainda mais se um desses esquerdistas, que nada lê, o mandar estudar. Essa ironia acaba por selar seu destino: será membro da nova Direita brasileira. Nela, não precisará mais monitorar seus pensamentos, medir suas palavras, engolir comentários e piadas. Descobrirá direitistas contra e a favor da liberação das drogas, contra e a favor do aborto, ateus e crentes, judeus e cristãos, ricos e pobres, brancos e negros sem que isso faça alguma diferença. É extremamente libertador para esse jovem deixar o ambiente opressivo da Esquerda hegemônica.
Por isso, nós que já fazemos parte dessa Direita, precisamos tomar cuidado para não repetir os erros que a Esquerda cometeu. Não patrulhar o pensamento alheio atacando outro direitista somente porque ele não vota no seu candidato ou não lê o mesmo autor que você, ou se ele acredita numa estratégia diferente da sua para vencer a hegemonia esquerdista. Senão, nos tornaremos iguais a eles.