É natural que haja divergências quanto ao que vem a ser justo e injusto, ao menos em alguns temas é assim. Sabemos que nem tudo é sempre “preto no branco”. Acontece, no entanto, que os Guerreiros da Justiça Social, na teoria e na prática, não querem uma Justiça que ajude a mediar conflitos e evitar danos, algo que basicamente define o que é Justiça em sua forma aplicada. O que querem, no fim das contas, é uma espécie de perversão do próprio conceito de Justiça, um tipo de “revanchismo coletivista”.
Quando se fala em “dívida histórica”, seja para com os índios ou com os negros, a ideia do Justiceiro Social é uma só: ele quer que as pessoas de hoje sejam punidas ou beneficiadas por crimes que não cometeram ou por crimes dos quais não sofreram. Meu pai, que é negro, não foi escravo, nem a minha avó e muito menos eu. É certo que, possivelmente, alguém dentre os meus ancestrais tenha sido. Eu, no entanto, não posso cobrar por esse mal e muito menos teria de quem cobrá-lo. Quem quer que eventualmente tenha praticado mal a um ancestral meu está morto há bastante tempo. Não é justo que eu, que não fui escravo e nem filho de escravos, queira receber algum tipo de “indenização” por isso, tampouco é justo que alguém que não escravizou ninguém pague por isso. Esta é uma obviedade da qual ninguém discorda se estiver mentalmente lúcido.
Contudo, não é disso que se trata a Justiça Social. Ela é, em si, uma completa desvirtuação do conceito de Justiça porque justamente não aceita a individualidade como parâmetro. Justiça Social não é Justiça, é uma forma de utilizar conflitos como moeda política e ideológica, o que é verdadeiramente o objetivo de quem defende esses métodos. A ideia por trás disso não é uma simples e inocente visão errada de mundo, é uma canalhice sem precedentes, praticada por gente que quer se utilizar das emoções das pessoas que eventualmente foram vítimas de abusos ou danos para atenderem às suas demandas ideológicas e agendas partidárias.
Quando ocorre um estupro, por qual razão os ditos Justiceiros Sociais nunca defendem a punição exemplar do estuprador, mas apelam à “Cultura do Estupro”? É porque eles querem, de fato, destruir a individualidade em prol do coletivismo, de modo que possam se utilizar do crime cometido como um meio para atacar seus opositores políticos. O objetivo por trás desses ataques a uma entidade imaginária chamada “Cultura do Estupro” é um só: criar a narrativa de que todas pessoas, exceto aquelas que concordam com a agenda delas, fazem parte do crime, são co-responsáveis. Assim, a culpa não é apenas do estuprador, ela é do Marco Feliciano, ou do Jair Bolsonaro, ou do Eduardo Cunha, ou de quem quer que seja, desde que não seja de esquerda.
A questão, repito, não é a mediação de conflitos entre indivíduos. Esta seria a verdadeira noção de Justiça, ainda que possa conter falhas e visões variadas. O objetivo da dita “Justiça Social” é perverter o sentido de Justiça para aplicá-lo de maneira que seja politicamente conveniente.