Em detrimento à situação que se delonga em debates calorosos, há o que se refletir: em uma guerra que reflete mais a causas pessoais (muitas vezes inconscientes), a sociedade perde como um todo. Vou lhes explicar:
Que o machismo dominou ao longo dos séculos, não há por onde discordar. No entanto o movimento feminista pouco busca igualdade, mas sim o levante de uma insatisfação de forma agressiva, injusta, pouco irracional, deixando apenas aspectos emocionais. Ainda que você por acaso leia e concorde com essa sentença, há que pensar nas consequências desse fato.
Robert Bly, autor de “João de Ferro – um livro sobre homens”, best seller nos EUA por alguns anos consecutivos, relata de forma concisa e peremptória sobre esses efeitos. O livro é uma gama de comentários sobre um dos mais antigos contos da humanidade, de um menino que liberta um monstro que reside em um lago, que seria uma metáfora para sua própria masculinidade, fato esse que ocorre após longos intempéries.
Segundo Bly, o homem ocidental está sendo rechaçado, castrado e se sentindo culpado pela sua masculinidade. Com isso, surge um grande vazio existencial, perda de sua auto-confiança, diminuição do seu potencial como um tudo, perda da própria identidade. Para o autor, a sociedade moderna, desde a revolução industrial, perdeu os ritos de passagem do menino (ainda no reino materno) para o reino dos homens. A psicanálise freudiana descreveu com clareza sobre toda a resistência da mãe ao deixar o menino ser iniciado no mundo dos homens, e “apenas um homem pode iniciar um menino no mundo dos homens” -afirma o autor.
Mas essa calamidade não atinge apenas os homens.
As mulheres tem conseguido seu espaço de forma vertiginosa, principalmente no âmbito profissional, mas esquecem de toda a consequência desta igualdade. Principalmente gora, com um homem fraco e sem iniciativa, elas precisam assumir enormes responsabilidades, além de suprir todo o lado físico, profissional, familiar, etc. O resultado? Casos constantes de depressão, ansiedade, doenças crônicas em abundância, estresse, fadiga, e apatia e até suicídio. Aflições estas que os homens vinham passando ao longo de séculos.
Ainda na mesma linha, a masculinidade perdida, além de danos irreparáveis ao psicológico de ambos, torna a civilização ocidental enfraquecida, tanto de sentido existencial, quanto na resistência cultural a possíveis invasores (como a que acontece na Europa atualmente). Perde-se ainda valores antigos como dignidade e honra (características valorizadas na sociedade patriarcal) pois toda forma de resistência e agressividade (não me refiro a violência propriamente dita) são consideradas formas masculinas e segundo os novos movimentos, erradas.
Com isso, vemos movimentos ressurgentes, como o sucesso do filme “Clube da Luta”, onde homens se entregam à selvageria devido à perdição de suas identidades e afim de se reencontrarem como seres masculinos (“somos uma geração criada por mulheres), e até mesmo nos atuais movimentos da moda, onde pessoas admiram o homem de barba longa, tatuado, estereótipo do homem alfa de antigamente, ao invés do afeminado, tristonho e neutro.
Mais uma vez há um correlação direta ao que vivemos atualmente: um grande vazio existencial, falta de patriotismo, falta de valores e decência, falta de heróis a quem possamos nos espelhar, famílias desestruturadas, filhos rebeldes, pais sem voz e passivismo quanto a tudo que está acontecendo de errado.
Há uma perda enorme em confundir machismo, feminismo e igualdade. Existe diferença sim entre os sexos, seja no físico quanto no comportamento. Ocorre em qualquer espécie e não devem ser ignoradas. Mas isso não quer dizer que um deva ser superior ou inferior ao outro, nem muitos menos oprimir, mas apenas devemos assumir as diferenças, igualar o que deve ser igualado (direitos constitucionais, profissões em que ambos exerçam o mesmo trabalho, etc) mas jamais esquecer que somos diferentes e precisamos de todo o aprendizado que a humanidade passou ao longo de milhares de anos para que tenhamos uma sociedade e uma mente saudáveis.