O perigoso Altruísmo Paroquial

Existe um termo que poucos conhecem que se chama “Altruísmo Paroquial”.
Que trata dos efeitos colaterais do comportamento em grupo.
Desde que o homem passou a se unir com outros para obter sucesso na sobrevivência , também surgiu o Altruísmo Paroquial que se refere ao comportamento em relação a grupos rivais.

Resumidamente esclareço que quando se reúne em grupo, o mesmo cria suas regras e leis, deixando de lado o comportamento individual e passando para o comportamento de grupo.
Esse grupo, caso encontre outro grupo que pense diferente ou dispute com ele será atacado ferozmente, pois o grupo rival é uma “ameaça” as regras e existência desse grupo.
Isso explica o comportamento de alguns grupos religiosos, gangues, tribos e coletivos de minorias e ideologias que colocam a identidade de grupo acima da identidade individual.

 

A exemplo dos homens bomba onde a principal razão explicada brilhantemente pelo psicólogo Ariel Merari é o comportamento coletivo. Esse comportamento de grupo é estudado por ele a mais de 30 anos, Uma das descobertas foi que pessoas com falta de habilidade social e personalidade esquiva eram as mais propensas para se tornar extremistas. Essas pessoas topavam essas atos extremos pois iam fazer algo que desse destaque a ele e ao grupo.
Nós vemos bastante esse comportamento nos coletivos sociais de minorias onde é comum agressões e linchamento virtual como lobos de uma alcateia cercando o inimigo. Como ele descreve no texto da entrevista do paciente Hamed, preso aos 21 anos. Asmático desde os 10, durante a adolescência preferia ficar em casa vendo televisão que brincar com amigos. Nunca tinha se relacionado com mulheres

“Nos testes psicológicos, Hamed foi avaliado como uma personalidade esquiva. Ansioso, tímido e introvertido, tinha uma autoestima muito baixa, rigidez e necessidade de agradar os outros, ainda que sem competência social. Abstinha-se de relações social até ter certeza que seria bem-vindo.

No começo, quando perguntado o que o fez participar de missões suicidas, respondeu simplesmente ‘meu objetivo era ir para o paraíso e ficar com 72 virgens’ (apesar de ter se descrito como moderadamente religioso). Depois, no entanto, ele disse: ‘Eu também queria ser famoso, ser visto num pôster, e ajudar minha família a ter mais dinheiro’.”

A personalidade esquiva

É o perfil de quem tem pouca autoconfiança, timidez exagerada, dificuldade em tomar decisões, hipersensibilidade a culpa, necessidade extrema de aprovação dos outros, medo de rejeição e de expressar desacordo, e disposição a realizar tarefas só para agradar os demais. Aqui na mídias sociais os grupos recrutadores chamam de oprimido. O Oprimido deve se rebelar contra o opressor, o oprimido deve lutar pelo seu grupo. E esse sentimento é ampliado quando entra o discurso da ideologia do ódio, onde o inimigo é definido como qualquer um que se opõe ao grupo. O oprimido por sua vez se vê compelido a proteger o grupo e agrada-lo da melhor forma que puderem busca de aprovação, como como eu gosto de chamar “social points“.

Estereótipos.

A mente humana agrupa características em categorias e essas categorias são chamadas de estereótipos. O estereótipo ajudou muito na nossa evolução e sobrevivência pois por exemplo ao associar que aranhas ou cobras são venenosas teve muito mais chances de sobreviver do que aquele que pagou para descobrir. O mesmo acontece no dia a dia , uma pessoas que foi agredida por alguém vai ter receio de pessoas com aquelas características, como o velho provérbio do gato escaldado… (você terminou essa frase na sua mente, não foi? Isto é um ato associativo também, você conhece você associa com coisas familiares para completar as lacunas.)

O preconceito e os grupos.

Desde muito novo, normalmente ao seis meses o ser humano já começa com comportamento de grupo, como aponta o estudo de comportamento das pesquisadoras Meagan Patterson  e Rebecca Bigler os bebês já conseguem criar estereótipos simples(como sexo da pessoa e etnia) aos dois anos e meio já conseguem atribuir comportamento de grupos específicos e ao três anos já consegue entender quais grupos são mais aceitos na sociedade apenas pela observação e decidir qual grupo ele quer fazer parte, como demonstrado no estudo: Preschool Children’s Attention to Environmental Messages About Groups .
Durante este estudo as crianças foram separadas em dois grupos: Os de uniforme vermelho e os de uniformes azuis. em pouco tempo as crianças começaram a se organizar em cores iguais e desprezar as crianças de cores diferentes. Veja que criar estereótipos e segregar faz parte do ser humano. A história de ser mais humano relegando as diferenças é pura balela. Criar estereótipos e ter preconceito contra pessoas e grupos é inerente ao ser humano e foi imprescindível para nos manter vivos até hoje. Evitar preconceitos está muito mais ligado ao comportamento social do que o comportamento natural humano.
Atitudes como racismo, “xenofobia”(em aspas porque não é a doença e sim o comportamento), discriminação, piadas ofensivas quanto a gênero e etnias, etc. Podem ser trabalhadas no âmbito do relacionamento social (moral), ou seja, pode ser controlado através do ensinamento social vigente e penalizado pelas regras morais ou pela lei, atenuando ou diminuindo a criação de estereótipos fixos ou conflitos entre grupos.
Concluindo, o preconceito (conceito antecipado) sobre uma pessoa, etnia ou grupo só é uma coisa ruim quando é associado a valores, atitudes e comportamento pejorativos. Relativizar o termo associado a tudo que é de ruim no mundo é como negar o funcionamento da mente humana. Portanto é muito mais fácil lutar contra o comportamento de grupo ou preconceito nocivo sabendo porque você age dessa forma e pode como um humano adulto e consciente evita-las. O Segredo está em nossa individualidade, a unica coisa capaz de enxergar além do grupo, além a necessidade de aprovação e assim poder agir com responsabilidade e respeito com outras pessoas.

É claro que a criação de estereótipos, e o altruísmo paroquial fazem parte do ser humano em sua essência mas a individualidade também o é.

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