Entenda o contexto histórico da nova novela “O Rico e Lázaro”

Quem estava acompanhando a novela “Terra Prometida” poderá ter alguma dificuldade para compreender a época de “O Rico e Lázaro”. Por isso, vamos fazer um pequeno resumo do contexto histórico.

“Os Dez Mandamentos” se passava em 1276 a.C. Já “Terra Prometida” ocorre após os 40 anos vagando pelo deserto, uma punição de Deus pois o povo que saiu do Egito duvidou do poder de Deus. Após a retomada de Canaã, em 1230 a.C. os hebreus dividiram as terras entre as 12 tribos de Israel e viveram sem um rei por anos. Os hebreus tinham “Juízes”, que eram líderes políticos e religiosos. Houve vários juízes. Sansão foi um deles. Apesar de se dizer que a tradição judaica é machista, tivemos até uma mulher como Juíza, Débora, em 1125 a.C.

Por fim, o povo insistiu para ter um rei, contrariando a opinião do profeta Samuel, o último dos juízes. Este então consagrou Saul, que foi o primeiro rei de Israel. Ele caiu em desgraça junto a Deus, por desobedecê-lo e Samuel ungiu o adolescente Davi, que sucedeu o trono. Depois de Davi, veio Salomão e outros reis. Após Salomão, o reino foi divido em dois: Reino de Israel, menor e Reino de Judá, com a maior parte das tribos e com Jerusalém como sua capital.

A trama de “O Rico e Lázaro” ocorre em 597 a.C., ou seja, 600 anos após a época de “Terra Prometida”, quando não só os reis, mas o povo hebreu já haviam se afastado das leis de Deus. O profeta Jeremias alertou que isso iria trazer desgraça a todo o povo. Como não foi ouvido, o Reino de Judá (o Reino de Israel já haviam sido tomado antes) foi invadido por Nabucodonossor, rei da Babilônia (situada no atual Iraque).

Nabucodonossor invadiu Jerusalém, destruiu o templo construído por Salomão e levou todos os hebreus cativos para a Babilônia, onde viveriam em estados variados de escravidão e liberdade conforme o tempo.

A origem dos samaritanos
Para povoar Canaã, Nabucodonossor enviou outros povos (exilados da Babilônia, Cuta, Hava, Hamate e Sefarvaim), que se assentaram na região da Samaria. Assim que chegaram, várias pessoas foram mortas por leões, que eram abundantes ao longo do Rio Jordão (na época haviam leões e mesmo rinocerontes até no sul da Europa). Nabucodonossor pensou que isso poderia ser uma punição do Deus de Israel, pois ele acreditava que Jaweh era um deus regional, restrito a Canaã. Então, ele mandou sacerdotes hebreus ensinarem a esse novo povo como cultuar Jaweh. Os novos moradores aprenderam algumas coisas das leis de Moisés, mas não tudo. Quando os hebreus puderam voltar a Canaã, encontraram um povo que seguia somente parte das leis hebraicas, mas não descendia de nenhuma das 12 tribos. Por isso, eles foram rejeitados e passaram a habitar somente a região da Samaria sem se misturar com os hebreus. Os hebreus os desprezavam por não seguirem rigorosamente todas as leis. Foi um desses samaritanos que Jesus usou como exemplo de alguém que podia não seguir todas as leis hebraicas, mas que se mostrou mais digno que o sacerdote e o levita, fiéis cumpridores das leis.

Os hebreus na Babilônia
Muitas passagens famosas da Bíblia não se passaram em Israel. A história de Daniel na cova dos leões ocorreu quando os hebreus estavam cativos na Babilônia. A história de Jonas engolido pelo grande peixe também ocorreu lá. Lá, o profeta Jeremias lamentou o exílio do povo hebreu em suas Lamentações de Jeremias. Somente em 538 a.C., quando o rei Ciro da Pérsia derrotou a Babilônia, os hebreus puderam retornar à sua terra, que encontraram parcialmente povoada pelos samaritanos e invadida de tempos em tempos por outros povos.

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