Democracia agora é chamada de “Polarização” por quem não gosta dela

Nesse domingo, ouvi um programete na rádio CBN sobre Vida Digital. Esse quadro é de autoria do jornalista Pedro Doria (sem relação com o prefeito de São Paulo), cuja biografia inclui ter sido o grande divulgador do blog de Bruna Surfistinha. Ouçam o áudio abaixo.

Para quem não teve paciência para ouvir, farei um resuminho. Doria inicia afirmando que a polarização política, que ele define como a incapacidade da turma de direita e de esquerda conseguir se falar, tem sido crescente nos últimos tempos e que tem-se culpado a Internet e as redes sociais por isso. Para provar isso, ele cita uma pesquisa dos EUA que teria constatado que 50 % dos republicanos e 30 % dos democratas teriam dificuldades em aceitar que um filho se casasse com alguém do partido oposto. Que conclusão eu tiro dessa pesquisa? Que democratas são hipócritas até para responder pesquisa. Basta ver as atitudes dos partidários de Hillary; aquele caso absurdo da mãe que torturou o filho dizendo que ele estava expulso de casa por ter apoiado Trump; os inúmeros casos de agressão de democratas contra defensores de Trump para saber que nunca um democrata aceitaria que um filho namorasse um republicano. Só responderam que aceitariam porque é politicamente correto se fazer de tolerante.

Em seguida, ele cita um estudo recente de três economistas americanos, das Universidades de Stanford e Brown, em que essa culpa da Internet e das redes sociais é questionada já que a maior polarização ocorre justamente entre os mais velhos e estes têm uma menor participação na internet.

Sem dar uma explicação então do motivo da polarização, ele termina pagando o pedágio típico da imprensa brasileira, chamando Trump e Marie Le Pen de fascistas e deixando claro que sua preocupação com a tal polarização se deve à ascensão de líderes como os dois citados.

Então, vamos por partes. Existe uma polarização política nos dias de hoje? Existe. Isso é ruim e precisamos descobrir o motivo e combatê-lo? Não!!

A tal polarização a que tantos jornalistas se referem é simplesmente um outro nome para a perda da hegemonia das ideias de esquerda. Enquanto todo mundo só ouvia formadores de opinião de esquerda, só lia noticias e opiniões sob o viés de esquerda, só assistia novelas, filmes e documentários feitos por esquerdistas, não havia nada de errado, na opinião deles. O pensamento único, a unanimidade burra de que tanto falou Nelson Rodrigues, dominava a cena política. Uma simples leitura nos estatutos de partidos como o Democratas, o PMDB, o PP, etc nos prova que nenhum dos grandes partidos brasileiros jamais foi de direita. Todos professam como objetivo ideias mais ou menos esquerdistas. Somente há 2 anos surgiram na cena política brasileira partidos de direita.

Há mais se 20 anos ouvi uma entrevista de Olavo de Carvalho na TV. Na época, não sabia quem ele era, mas o que ele falou fez sentido. Ele afirmava que um país, para ser democrático, tinha que ter Direita e Esquerda, por isso ele chamou para si a tarefa de recriar a Direita brasileira. Chegou a brincar, dizendo que uma vez recriada, ele poderia até deixá-la.

Países democráticos, quando governados pela Direita, compreendem a necessidade de partidos de Esquerda. Países democráticos, quando governados pela Esquerda, procuram tornar as ideias de direita ilegais ou, pelo menos, politicamente incorretas para diminuir sua divulgação e se perpetuar no poder, ou seja, destroem a democracia.

Continuando com o assunto abordado por Pedro Doria. Esses pesquisadores constataram que a maior polarização não ocorre em quem usa a Internet e as redes sociais, mas nas pessoas mais velhas. Por que isso?

Porque as pessoas mais velhas são mais experientes e viveram mais. Redundante? Sim, mas explica muita coisa. Quando jovem, eu cheguei a admirar colegas de esquerda na faculdade. Após 6 anos de curso, eu já sabia que todos eles não passavam de hipócritas, mentirosos e preguiçosos. Ao longo de décadas acompanhando política, cansei de ver deputados e vereadores de esquerda impedindo desocupação de áreas de risco, se dizendo defensores dos pobres e oprimidos. Anos depois, quando ocorria alguma catástrofe nessas áreas, os mesmos políticos de esquerda vinham dar declarações culpando o poder público por não ter retirado aquelas famílias de lá. O que vai acontecendo é que as pessoas que não se fanatizaram com as ideias de esquerda, mas que apoiaram achando que eram boas ideias, foram vendo que isso tinha sido um erro. A cada dia mais pessoas simpáticas à Esquerda mudam de opinião e se tornam defensoras de ideias direitistas. O contrário só ocorre raramente. Com isso, era esperado que a hegemonia da Esquerda fosse sendo ameaçada.

Nos últimos anos, vimos os jornalistas da GloboNews mostrando manifestações violentas dos black blocs, mas batendo na tecla de uma tal “intolerância” e “radicalismo” juntamente por parte da Direita, que faz manifestações pacíficas. Tal qual a pessoa que culpa a mulher pelo seu estupro, eles pensam que a violência dos esquerdistas só ocorre por culpa da Direita. Ou pelo menos querem que você pense assim.

As palavras hoje deixaram de ter o significado que elas sempre tiveram para assumir um papel de arma na guerra política. Então, uma manifestação violenta com depredação e até mortes ocorre e seus responsáveis são chamados de “manifestantes”. Uma outra manifestação ocorre dentro da maior tranquilidade e seus responsáveis são chamados de “extremistas”, “radicais” ou “extrema-direita”.

Precisamos começar a ouvir análises como esta de Pedro Doria como o que elas são: choro de quem perdeu a hegemonia e vê seu poder se esvair aos poucos. Ainda vai demora muito para a Esquerda deixar de dominar a cena cultural e política brasileira, mas eles já sentem que seu castelo de cartas está ruindo e gritam desesperados.

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