A mania de ter gurus

Não sei dizer se esta é uma questão atual, creio que tal coisa sempre tenha ocorrido, mas a internet acabou fazendo com que ficasse mais evidente. Falo, aqui, sobre a mania de ter gurus, mas não os gurus espirituais, e sim os “gurus de opinião”, os “gurus do pseudo-aforismo”.

Parece que muita gente ainda tem o desejo de idolatrar alguém e reproduzir deste alguém seus pensamentos, suas falas, por vezes até mesmo emular o seu jeito de se expressar. E pior: me parece que muitas pessoas escolhem esses “gurus de opinião” com base em critérios muito ruins e superficiais. Aliás, a superficialidade parece ser a peça-chave de todo esse negócio.

Atualmente, idolatra-se muito figuras como Leandro Karnal, Clóvis de Barros e Mário Sérgio Cortella. Eles são tratados como filósofos, como formadores de opinião. Contudo, o que se pode perceber com uma análise mais profunda é que não há nada de muito sofisticado ali. Todos eles, sem exceção, são meros homens de palco. Ainda assim, dá para entender o que leva tanta gente a idolatrá-los: eles são, no fim das contas, bons naquilo que fazem. O que fazem, obviamente, não é filosofia, é teatro. Como atores de uma peça na qual encenam o papel de gênios pensadores, eles são ótimos.

O que realmente me intriga é a mania de ter gurus toscos, indivíduos que pouco ou nada contribuíram para qualquer coisa, mas que apenas dizem ser algo de importante. Dá para entender o sucesso de Leandro Karnal, um charlatão bem sucedido que sabe posar de intelectual. Dá para compreender a ascensão de Clóvis de Barros, um orador excelente, embora não tenha conteúdo nenhum a nos oferecer. Estes senhores, apesar de serem pilantras, são bons pilantras.

A coisa que me deixa abismado é a escolha por gurus estúpidos, mal sucedidos e totalmente fracassados. Realmente não dá para entender o que leva tanta gente a idolatrar idiotas como Leonardo Sakamoto, que não são nem mesmo capazes de serem bons no que fazem. Há um guru que também é idolatrado por muitos, um que mora na Virgínia, sem que tenha dado grandes contribuições. Basicamente, ele diz que é bom no que faz e as pessoas simplesmente acreditam.

Minha teoria é que a internet de fato ajudou a tornar isso mais comum. Como a informação é rápida e as pessoas têm mais pressa, se tornou mais fácil seguir esses sujeitos que expressam suas opiniões vagas, porém prontas. Fica mais fácil para as pessoas se alguém mastigar a ideia e jogar para elas o resultado do processo, ou seja, um pseudo-aforismo que irá, supostamente, resumir toda uma complexa questão. Por isso se tornou mais comum que as reflexões sejam cada vez menores, mais enxutas, sem nenhuma profundidade ou mesmo base teórica.

Quem segue esses gurus, de fato, não quer nada disso. O ideal é pegar o conteúdo prontinho para ser usado. Uma frase curta, que exprima o raciocínio ao estilo nietszcheano, pronta para ser repetida e compartilhada. Como estas pessoas que seguem gurus são geralmente estúpidas, elas também engolem tudo o que os próprios gurus dizem de si mesmos, desde seus supostos feitos do passado até a sua suposta relevância no presente.

No fundo, a maioria desses “gurus de opinião” são como Bel Pesce. O verdadeiro talento que possuem é o de venderem a sipróprios como se fossem muito importantes, e eles conseguem com isso convencer centenas e até mesmo milhares de pessoas. A humanidade está muito susceptível.

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