A Argentina irá sair do Mercosul?

Nos últimos meses a nova estrela “pop” da Direita latino-americana atende pelo nome de Maurício Macri o novo presidente da Argentina que tem virado pelo avesso, no bom sentido, o seu país livrando-o em curto espaço de tempo de políticas retrógradas da era kirchnerista-bolivariana de sua antecessora Cristina Kirchner e do falecido esposo e ex-presidente Néstor Kirchner.

Com poucas medidas e cancelando muitas outras de sua antecessora a Argentina rapidamente começa a voltar aos trilhos, melhorando suas exportações , atraindo novos investidores e até começou a negociar o pagamento do calote monumental dado por seu país na Era Kirchner.

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Certo, mas o que isso tem a ver com o Mercosul? Bem amigos tem tudo e nada a ver ao mesmo tempo! Eu explico. O Mercosul é formado em sua maioria por países bolivarianos Brasil, Uruguai, Bolívia, Venezuela, Paraguai (em cima do muro) e Argentina. Vimos que com o advento de Macri a guinada dos hermanos é totalmente à Direita o que leva a um certo afastamento do pensamento ideológico dominante no grupo. Há algum tempo o Paraguai fora contra a inclusão da Venezuela no Mercosul e os demais membros aproveitaram que houve um processo de impeachment contra o ex-presidente Fernando Lugo, processo esse totalmente legal segundo a Suprema Corte do Paraguai, para suspender o país das votações do Mercosul e assim os demais membros votaram pela inclusão da Ditadura Venezuelana no grupo. Maurício Macri assim que soube que houvera ganho nas urnas declarou que votaria pela suspensão da Venezuela por esta não estar de acordo com a cláusula democrática do Mercosul; não precisamos dizer que Brasil, Bolívia e Uruguai foram terminantemente contra essa idéia, que não foi levada a cabo, mas o Macri não deixou de falar sobre os presos políticos venezuelanos conclamando pela sua soltura. Aqui já vemos um antagonismo crucial dentro desse grupo.

O Mercosul tem como princípio a negociação em grupo com outros blocos ou com países à parte, ou seja, não é estimulado que seus membros façam acordos bilaterais que não envolvam o bloco. Por isso que os “grandes acordos” do bloco são: Israel e Índia (vigentes) e Palestina, Egito e SACU (África do Sul, Namíbia, Botsuana, Lesoto e Suazilândia) estes últimos em processo de ratificação (leia mais aqui). Isto “tudo” porque o bloco vai completar esse ano 25 anos!!! Isso mesmo vinte-e-cinco anos e só com esses acordos comerciais pífios! O maior acordo comercial do bloco seria com a União Européia e pasmem já se passaram 17 anos desde o início das negociações no longínquo ano de 1999. E a maior ironia disso tudo que era justamente a Argentina que vinha travando o avanço das negociações durante a Era Kirchner. Aí agora, o caro leitor, deve estar imaginando: “Então beleza! Se o problema era a Argentina agora com o Macri então esse acordo com a U.E. então finalmente vai sair do papel.” Errou meu caro! Porque agora temos a retrógrada Venezuela para puxar o tapete de qualquer acordo e deixar o Mercosul no eterno atraso!

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E é sabido que nós temos um bloco latino-americano mais liberal e mais aberto a acordos tanto em bloco como acordos bilaterais de seus países-membros de forma independente, que é a Aliança do Pacífico, formada por México, Peru, Chile e Colômbia. Este bloco que nasceu em 2012 possui atualmente, cerca de 90% dos seus produtos são comercializados com tarifa zero entre os países-membros. A Aliança do Pacífico pretende, até 2018, atingir 100% dos produtos com tarifa zero. Lembrando que no Mercosul há inúmeras tarifas alfandegárias entre os seus países membros. E o maior acordo comercial da Aliança do Pacífico foi a entrada do grupo na Parceria Transpacífica (TTP em inglês) que sela um acordo de quebra de barreiras comerciais entre 12 países que, a princípio são banhados pelo Oceano Pacífico, dentre eles:  Brunei, Chile, Nova Zelândia, Singapura, Austrália, Canadá, Japão, Malásia, México, Peru, Estados Unidos e Vietnã, tornando este o maior acordo regional da história! Deixando as coisas bem mais difíceis para o bloco isolacionista do Mercosul.

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O Paraguai e o Uruguai já são membros-observadores da Aliança do Pacífico e ambos já manifestaram várias vezes o desejo de serem membros-plenos do mesmo. Agora é a vez da Argentina de Maurício Macri flertar com a Aliança do Pacífico; primeiramente tentando levar uma integração do Mercosul com este bloco e se não for possível nada impede que o mesmo rompa com o Mercosul e se alie de vez à Aliança do Pacífico abrindo caminho para a adesão de Uruguai e Paraguai também e assim selando o fim do Mercado Comum do Sul!

Há alguma chance de o Mercosul não caminhar para este trágico fim? A resposta é sim. Vemos que uma onda de idéias de espectro político-econômicas mais liberais esta em voga na América Latina; além da eleição de Maurício Macri vimos recentemente que Evo Morales foi derrotado no plebiscito que autorizaria o mesmo a disputar um 4º mandato presidencial, ou seja, sinal de que os bolivianos se cansaram do presidente populista que os governa já há tanto tempo; na Venezuela vimos que Maduro perdeu a maioria das cadeiras do Congresso venezuelano, que mesmo com poderes limitados diante do Ditador Maduro, foi um duro golpe da oposição nele e que já pretende até lançar em breve um plebiscito para encurtar o mandato deste protótipo de Hugo Chavéz; já no Brasil nem é preciso falar que a cada dia que passa o povo brasileiro se cansou deste (des)Governo corrupto do PT atolado até o pescoço em denúncias de crimes de desvio de dinheiro seja via Petrolão ou outros esquemas afins.

Enfim se bons ventos soprarem nesses três países chaves do Mercosul e eles derem uma guinada a là Argentina de Macri quem sabe o Mercado Comum do Sul não venha a florescer e se tornar a potência regional a que ele esteve destinado na incubadora de longínquos 25 anos atrás.

 

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